Há 40 mil crianças Asperger em Portugal mas muitas abandonam escola na adolescência
06.10.2009 - 18h49 Lusa
Quarenta mil crianças e jovens portugueses têm síndrome de Asperger, uma perturbação do desenvolvimento que causa problemas de adaptação social e escolar que na adolescência podem levar ao abandono escolar.
Dar apoio a estes jovens é uma das prioridades da Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger que hoje deu o primeiro passo para a construção do projecto “Casa Grande”, uma residência de formação e reinserção para portadores daquela síndrome.
A partir dos 16 anos, explicou a presidente da associação, Piedade Líbano Monteiro, muitos destes jovens abandonam a escola, surgindo então os primeiros problemas na inserção na vida activa. As dificuldades de inserção profissional levam estes jovens à frequência de custos de formação profissional, na expectativa de um emprego estável, mas sem êxito.
A “Casa Grande” é um projecto sonhado pela Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger que pretende dar resposta a estas dificuldades e deverá abrir em 2012, com o apoio da Câmara de Lisboa. O sonho, explicou Piedade Líbano Monteiro, começou a realizar-se com a assinatura de um primeiro protocolo em Janeiro que a obrigava a conseguir 350 mil euros até Maio.
“Casa Grande” é o nome da residência de dois pisos que a APSA vai construir numa edificação em ruínas na Quinta da Granja de Baixo, em Benfica (Lisboa), destinada à formação profissional e reinserção social de 53 jovens com mais de 16 anos e portadores da síndrome de Asperger na Área Metropolitana de Lisboa.
A síndrome de Asperger é uma perturbação do desenvolvimento (espectro do autismo) que se manifesta por alterações na interacção social, na comunicação e no comportamento, mais comum nos rapazes do que nas raparigas. Os “aspies” podem ser excelentes na memorização de factos e números, mas têm normalmente dificuldade ao nível do pensamento abstracto.
Funcionamento cerebral diferente
Ao contrário dos autistas “clássicos”, que normalmente estão ausentes e desinteressados do mundo que os rodeia, muitos “aspies” querem ser sociáveis e gostam do contacto humano, mas têm dificuldades em fazê-lo. Com um funcionamento cerebral diferente, têm um gosto marcado por rotinas e um interesse obsessivo por determinados temas.
A “Casa Grande”, explicou Piedade Líbano Monteiro, vai por isso ajudar as empresas que venham a receber estes jovens, mostrando-lhes que podem ser os melhores profissionais da empresa desde que entendam a forma como funcionam. “Se prepararmos as empresas, mostrando que estes jovens e adultos são extremamente perfeccionistas nas áreas que dominam, apesar de socialmente não serem muito comunicativos, todos ficarão a ganhar”, disse.
Garantir a estes jovens maior autonomia com vista a assegurarem um projecto de vida próprio é o objectivo da casa - que também acolherá a sede da associação - e que “não será um local de permanência definitiva, mas um local de passagem no máximo por quatro anos e aberto à comunidade”.
Cafetaria, esplanada, espaço de estudo, reprografia, espaço multimédia, lavandaria, engomadoria e arranjos de costura, oficina de recuperação e de encadernação de livros, galeria de arte, salas para artes plásticas contam-se entre as valências que a Casa Grande irá dispor para ensinar e dar formação profissional. Salas para formação musical, informática, estufa, horta e pomar biológico são outras das muitas valências projectadas para a casa.
Notícia retirada do seguinte link do jornal o Público
5 comentários:
40 000? jesus, são muitas...
Avogi
rssss a estatística, não sou eu que a faço rsss, até porque acho que daria uma discussão acesa defenir com precisão os casos concretos...
Mas indepentemente da quantidade de pessoas que haja com a síndrome, preocupa-me é a qualidade de vida que é dada a essas pessoas...
E sem querer desmotivar ou tirar qualquer tipo de esperança ás pessoas ,a situação piora com a falta de oportunidades no mercado de trabalho, e eu aí tenho agonizado, ainda espero concretizar essa meta antes que seja tarde demais...
Que cada dia que passa e já vão 3 anos que eu vejo o filho a caminho do retrocesso, por isso o tempo urge...
Quando os discursos abrangem o futuro, confesso fico extremamente angustiada...Quase como que amputada.
Espero sinceramente que o futuro venha a ser mais promissor para os que estão a começar, e será concerteza se houver mais mãos a batalhar...
bjocas
Agora falando, concretamente deste, projecto que teve ínicio neste dia desejo o maior sucesso a bem de todos os Asperger, e seus familiares...
Eu não costumo retirar notícias nem dar este tipo de informação só o fiz, porque espero que seja um marco histórico na vida da associação.
Só posso desejar o melhor...
"40 000? jesus, são muitas..."
Eu duvido muito que essa estatistica esteja correcta - todos os estudos apontam para um prevalência da SA por volta dos 0.2-0.4%, o que daria entre 20.000 e 40.000 portugueses.
O que o jornalista deve ter feito foi fazer uma pequena pesquisa e lido algures (ou alguém lhe dito casualmente) que haveria provavelmente 40.000 portadores de SA em Portugal. Possivelmente ele julga que a SA é uma doença infantil em vez de uma doença para toda a vida e, conclusão lógica, "40.000 crianças e jovens com SA".
Caro/a anómimo/a
Também acho a estatística exagerada, ainda mais considerando que se refere apenas aos grupos de crianças e jovens...
Revelando da minha experiência de já alguns anos no percurso, que temos feito, o meu filho foi sempre caso único, nos locais que frequentou...
O importante seria de facto preparar a sociedade para receber estes cidadões, e dar-lhes oportunidades dentro das suas limitações...
Bjos
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