Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

sexta-feira, 27 de julho de 2018

" De quem é a culpa?"



Eu quero explorar caminhos agradáveis como este :

Parque das Nações até Sacavém , Foz do rio Trancão.
Depois segues um caminho ao longo do rio Trancão uma área de reserva ecológica com uma variedade de pisos desde terra batida, relva, madeira e algum piso duro, segues junto ao rio Trancão até Frielas depois passas uma ponte e tens um caminho de terra batida sempre em frente até perto de Fanhões. Depois perto de Fanhões há um circuito de manutenção na zona do Cabeço de Montachique, depois do Cabeço de Montachique é capaz de haver algum trilho até Bucelas e em Bucelas já não deves estar muito longe da casa do Vitor Viana.
Onde termina a caminhada.
Que tal?

Texto integral do Bruno

Foi escrito este ano, não posso especificar a data, no meio de centenas de papéis é mais um, a grande maioria da escrita é numéricos.
Já se percebeu que este recado, é para a mãe.
Ele diz e que tal?
Eu digo e agora ?

Mãe Mina


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Caminho de Santiago a chegada.


7ª-Etapa- Santiago de Compostela- 19 de Maio de 2018, último percurso aos olhos dele. deixamos o melhor para o fim, a narrativa do seu sentir , integralmente escrita pelo Bruno:
Começa assim :

 " Nos últimos quilómetros antes de chegar a Santiago de Compostela, acho que o caminho está mal sinalizado, porque uns dizem que o caminho é por um lado outros dizem que o caminho é por outro e eu como gosto de andar mais por estradas de terra batida do que por estradas de alcatrão optámos por uma estrada de terra batida enquanto os nossos companheiros de caminhada optaram por ir por estradas de alcatrão.
Queríamos chegar todos juntos até à catedral de Santiago.
Depois cerca de dois quilómetros mais à frente mais uma encruzilhada podíamos ir por dois caminhos para Santiago de Compostela ou por Conxo ou por outro caminho que já não me lembro.
Nós optamos por ir por Conxo porque nos pareceu ver que a catedral era já ali à frente.
Aquilo que à primeira vista nos parecia ser a catedral de Santiago de Compostela era afinal o sanatório de Conxo.
Nós bem quisemos esperar por eles nesse cruzamento se era melhor ir por Conxo ou Requeixo ou coisa assim parecida, eles não passaram nesse cruzamento e por isso não nos encontrávamos, queríamos chegar juntos à catedral e estávamos a ver que eles chegavam à catedral antes de nós.
Do sanatório de Conxo até à catedral de Santiago de Compostela ainda são uns quatro quilómetros, pois desde o sanatório de Conxo fartei-me de correr e nunca mais chegava à Catedral de Santiago de Compostela  que era o nosso objectivo final.
Senão tivéssemos corrido eles teriam chegado antes de nós e assim chegámos todos ao mesmo tempo.
Quando chegamos à catedral de Santiago, já estava a catedral fechada e eu fiquei muito triste  por não ter conseguido a Compostela.
Os nossos amigos pernoitaram uma noite em Santiago de Compostela e no dia seguinte foram à missa, o Edgar em cadeira de rodas foi lá acima abraçar o Santiago , foi à missa e foram buscar as compostelas.
Eu quando cheguei a Santiago de Compostela fiquei muito triste por a catedral estar fechada  e porque não tínhamos direito à compostela depois de ter feito 120 quilómetros a pé desde Valença até Santiago de Compostela eu daria a missão por não cumprida.
Como os nossos amigos iam pernoitar mais uma noite em Santiago de Compostela e nós não tínhamos nenhum lugar reservado para dormir em Santiago de Compostela  eu pedi a eles se podiam ou não buscar as nossas compostelas e os nossos amigos ficaram com as nossas cadernetas dos peregrinos para no dia seguinte eles poderem buscar as nossas compostelas.
Eu não sabia se podiam ou não buscar as compostelas de outras pessoas.
Até que no dia seguinte, tive uma boa noticia quando soube que as compostelas vieram com os nossos amigos.
Mas ainda não as temos as nossas compostelas cá.
Mas quando soube que tinha direito às compostelas já fiquei mais aliviado porque eu pensava que tinha feito 120 quilómetros e dava a minha peregrinação por perdida. Missão cumprida."

Bruno Viana -escrito a 22 de Julho de 2018

Nota final: Uma das tarefas que o José incumbiu ao Bruno, foi procurar o caminho percebendo que essa seria uma forma de se orientar a ver as setas e os símbolos do caminho, tarefa que executou na perfeição, não fossem  algumas variantes.
Outra tarefa era carimbar as nossas  cadernetas, não faltaram carimbos, já estava a ficar sem espaço, até nos oportunistas que agora estão nas estradas foi carimbar, pois não sabia .
E assim terminou a nossa aventura por caminhos de Santiago ...
Obrigado principalmente a quem nos acompanhou e a quem nos seguiu por aqui...

Mãe Mina

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Caminho Santiago (Etapas 4)


A penúltima Etapa
6ª. Etapa- Padron- Dia 18 de Maio- Inicio de dia tranquilo em Caldas de Reis, saímos do alojamento ainda cedo, logo em frente havia um supermercado , espera-mos cerca de 20 minutos que  o estabelecimento abrisse as portas, fizemos as nossas compras do dia, incluindo os alimentos para o pequeno almoço, a maior parte dos locais onde dormimos, não incluía o pequeno almoço.
Fomos preparar o pequeno almoço, nuns bancos à beira do rio, próximo do tanque das águas quentes, onde estivemos na véspera, voltamos a ir pôr os pés de molho, enquanto esperávamos , pelos nossos amigos que tinham ficado a 6 km ,daquela localidade.
De novo o grupo reunido para mais esta etapa, sem precauços no caminho.
Chegamos, já tarde a Padron , e as dificuldades  para  arranjar dormidas , para os nossos amigos fê-los percorrer ainda alguns kms dentro de Padron, para encontrarem alojamento , para  instalar o Edgar,  é que não à muitos locais onde os quartos e wc adaptados tenham  privacidade.
Conseguimos alojamento , para o casal no mesmo albergue que nós estávamos.
Lá  fomos jantar a um local próximo do albergue , já fora de horas.
Pela primeira vez provamos os famosos pimentos padron (tipicos daquela região),  acompanhamos o nosso amigo aos seus aposentos (reais) na outra ponta da localidade.
Regressamos ao albergue, deitamos já tarde, e o outro dia era a etapa final.
De manhã, lá  nos reunimos, no café do Pêpê, um amigo dos peregrinos ( figura emblemática daquela região), o Bruno deixou-lhe uma mensagem no caderninho, que podem ler na foto.
Fizemos uma visita à igreja convento do Carmo, monumento histórico.
Fomos fazer as habituais compras do dia, e seria quase meio-dia quando partimos desta localidade em direcção a Santiago de Compostela...
Vamos a caminho...

Continua : A derradeira e última etapa, vai ser narrada pelo Bruno, não percam a próxima etapa.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Caminhos de Santiago ( Etapas 3)





Sem dormir partimos , no "lusco fusco", queria deixar aquela cidade ,  rapidamente para trás.

5ª. Etapa- Caldas dos Reis- Dia 17 de Maio-O desespero era grande, ficar-mos  algumas horas à espera para seguir-mos com os nossos amigos, ou partimos os dois, não dava para esperar, e assim decidi, pela fresca partir  para aliviar o meu cérebro, enviei uma mensagem de madrugada , esperando que só vissem quando acordassem, para não ficarem preocupados connosco, que já tínhamos seguido caminho.
O nosso pequeno almoço tinha sido praticamente inexistente, apenas meio pão e uma garrafa de leite.  Mais ou menos a meio deste percurso existe um local onde o pequeno almoço compensou na pousada do peregrino,ponto paragem obrigatório, aí tomamos o pequeno almoço.
Inexplicavelmente um dos peregrinos, também no seu momento de pausa, nem sequer falamos , não sei qual era a nacionalidade, levantou-se e veio  entregar uma imagem da Virgen Peregrina ao Bruno,  como se por "artes mágicas" ele tivesse adivinhado, que lá não estivemos, vimos a capela fechada, à chegada e à partida... Apenas agradeci, e fiquei a pensar, que estas coisas não acontecem por acaso.
Tinha ficado com carregador da Isabel, iria deixa-lo no albergue e seguiríamos caminho, à hora que lá chegamos estava uma senhora acabar a limpeza, ainda não era meio-dia, e não havia ninguém responsável a quem o pudesse deixar.
Assim sendo restava-nos esperar que eles chegassem ao albergue, por volta das 16:30, numa aldeia onde não à nada, e nem sequer tínhamos feito as habituais compras da manhã estávamos limitados, vagueamos pela aldeia que nos tinham dito haver uma "venda"*, que não está identificada, lá encontramos uma pessoa que nos indicou, a porta estava fechada, só abre quando aparece alguém, lá compramos o farnel e fizemos o nosso habitual picnic no espaço exterior do albergue.
Aquelas toalhas finas serviram de colchão em cima da erva, e os nossos kispos de almofada, eu pelo menos "cochilei" um pouquinho ao som dos passarinhos, foi a descompressão, para ganhar forças para continuar a nossa etapa desse dia ainda faltavam uns 6 km.
Quando os companheiros chegaram , nós praticamente partimos para terminar a nossa etapa, ainda sugeriram que podíamos ali ficar era um albergue com boas condições, mas a nossa reserva estava feita, mais à frente.
Continuamos aquela hora, já pouca gente caminha, o Bruno quando vê alguém à frente acelera o passo e lá esticou a perna à mãe, neste curto trajecto encontramos um casal jovem, ele português ela Italiana, e levamos o caminho a falar de Autismo e do nosso amigo Edgar, que eles também já conheciam, o tempo passou mais rápido, fomos nos esquecendo do nosso próprio cansaço, embrenhados na conversa e na partilha, nada é por acaso, colocaram a morada do nosso albergue no GPS e foram nos acompanhar à porta.
Depois do  habitual banho e da roupa lavada, que era outra tarefa diária.
Fomos, à procura das águas quentes, lá tivemos os pés de molho, depois fomos jantar, para a mãe tortilha e para ele macarron com carne, regresso ao albergue/hotel, dia de brindar com um licor.
Não era um quarto twin, mas uma cama de casal que separamos com os nossos kispos feitos em rolos, que não gosta cá de misturas, já tinha até preparado umas mantas no chão para eu dormir, mas não foi necessário.
Foi uma noite de paz, finalmente dormi mos os dois, nem demos pelas horas a passar...

Continua...


domingo, 22 de julho de 2018

Caminho Santiago (Etapas 2)

Chegamos ao terceiro dia
3ª.- Etapa Redondela- Dia 15 Maio, apesar de andar-mos  com alguma privação de sono, esta foi uma etapa tranquila.
Ainda nos rimos numa das pausas  o José deitou-se no chão para descansar um pouco, e o Bruno com seu olhar de "caso", porque de véspera lhe tinha dito que em Espanha não era permitido dormir na rua, senão chamavam a policia , (aquela inocência).
Pernoitamos em mais um dos albergues que marquei, novamente beliches, blocos de 2 com cortina, desta vez a Isabel veio dormir connosco, o que nos deu alguma paz, ficamos os dois  na parte de baixo dos beliches, na etapa seguinte já dormiríamos com mais privacidade.

4ª. Etapa Pontevedra- Dia 16 de Maio, neste dia houve alguns incidentes de percurso, com os nossos acompanhantes, numa descida com gravilha o José escorregou não conseguindo segurar a cadeira de rodas, milagrosamente o Edgar foi cair no colo da Isabel metros mais frente.
Depois paramos junto a um rio, para almoçar as habituais sandes.
O recomeço foi duro, muita subida com bastante calor, mas nada nos demovia do objectivo acabar cada etapa, locais com amontoados de pedras, onde tivemos ajuda de outros peregrinos para elevar a cadeira de rodas, muito difícil, já tínhamos feito mais  alguns Kms, novamente o José caiu de costas em cima dos pedregulhos, mudou de cor, pela primeira vez o senti a vacilar, afigurou-se-me grave, e agora!? Que o motor deste clã estava  lesionado, naquele local não tínhamos socorro, tinham de encontrar um percurso alternativo por estrada as muitas dificuldades que já tinham superado tinham de voltar a um local mais seguro, para continuar o percurso alternativo.
Fiquei divida entre o continuar-mos o percurso sinalizado, ou voltar-mos com eles, estava a sentir-me ingrata, pedimos desculpa e continuamos os dois, era importante para o Bruno completar as etapas pelos locais marcados, andamos algumas horas sozinhos.
Quando chegamos à cidade foi difícil encontrar a residencial que marquei, muito cansados tomamos o banho e já eram quase 21 horas reuni-mos com o grupo para jantar, essa era a nossa única refeição do dia.
Se achava que esta iria ser uma noite tranquila,  com duas camas  um quarto privado e wc tornou-se um pesadelo, numa zona central, o barulho dos miúdos a jogar à bola , as baladas do  relógio da igreja, concentrei-me que aqueles barulhos iriam  desaparecer depois da meia-noite.
As horas iam passando e a minha neurose era capaz de rebentar, logo esta noite que o Bruno até  estava a conseguir dormir. Todo aquele ruído à minha volta me estava enlouquecer, até o barulho do quarto ao lado,  pedi ao Bruno para trocar-mos de cama, mas o pior iria continuar pela noite dentro os bares sempre a "bombar" e as pessoas a falar a noite inteira, sem insonorização, aquelas marteladas , iam-se apoderando de mim, desta vez era eu que já ponderava não continuar o caminho, não ia conseguir caminhar, com tamanha bebedeira de sono.
Suplicava, para chegar o dia e sair dali, mas nem isso aguentei, às 5 da manhã acordo Bruno, para nos preparar-mos para partir, às 6 horas já tínhamos saído deste local de terror.
Ainda era de noite, saímos, não consegui ver praticamente  nada desta cidade, aquela hora da madrugada, só via jovens deambulando pela cidade, e  muito lixo espalhado pelas ruas.
Tivemos azar, ou será sempre assim pensei eu, não existe nenhuma lei, nesta terra  que regule o ruído...
Soube depois, que no dia seguinte era feriado, nesta região.
Poderia não dormir, por outro motivo qualquer, não seria a primeira vez que tinha insónia, mas esta noite foi a mais dolorosa...
Desculpa filho ...


Continua...

sábado, 21 de julho de 2018

Caminho Santiago (Etapas 1)

Diário da nossa caminhada.
Nota introdutória : Quando se vai fazer  uma caminhada, desta dimensão com uma pessoa com perturbações do espectro do autismo, não se pode só partir com as mochilas às costas, nem apenas planear as etapas.
Toda a logística de dormidas , foi agendada e reservada na semana anterior, tentando escolher a melhor qualidade preço, a privacidade é o mais importante.
Dentro do possível, fiz as melhores escolhas, mesmo os albergues,  escolhi os que tinham menos capacidade de pessoas, e cortinas separadoras.
Nunca poderia correr o risco da incerteza, de não ter dormida aqui ou ali.
Antes de partir-mos viu na Internet todos os locais onde íamos pernoitar.

Mochilas preparadas, sempre na dúvida das condições climatéricas que poderiam ocorrer durante o percurso, fomos prevenidos, para tudo, foi a mãe que preparou tudo,ele apenas transportou a mochila dele.
O tempo esteve sempre estável, os agasalhos, e impermeáveis, foram sempre dentro da mochila, foi uma semana de calor.
O facto de as dormidas estarem asseguradas evitou que tivéssemos de transportar sacos de cama e as toalhas, ainda assim levamos umas toalhas finas.

1ª. Etapa- Caldas da Rainha-Valença- Dia 13 Maio, embarcamos no expresso das 14:10, com os bilhetes comprados  na véspera, a  hora de chegada a Valença prevista para as 21:30, longas horas de viagem, mudança de viatura em Coimbra , quase não dava para ir-mos ao WC, que os utentes, têm de levar moedas para usar os WC das estações, não chega pagar mos a viagem.
Corremos desalmadamente, e entramos no WC de um café na própria estação  ( contra as regras de clientes) , a aflição assim o obrigou.
Chegados a Valença, procuramos o Albergue onde os nossos amigos ficaram hospedados, perto do castelo.
O alojamento onde nós ficamos distava 1,8 km do local anterior, uma casa de turismo de habitação numa zona calma, com boas condições quarto espaçoso uma cama de casal e uma singular, wc privado, com pequeno almoço incluído, o facto de estranhar a cama e de não me ter apercebido que tinha portadas a claridade chegou cedo, ele não dormiu que já estava a antecipar a noite seguinte.

2ª. Etapa- Valença a Porrino- Dia 14 Maio, no conforto de uma sala de estar senhorial, foi nos servido o pequeno almoço, se durante a noite o stress lhe provocou diarreia, ao pequeno almoço foram as náuseas, pouco conseguiu comer, tínhamos encontro marcado às 9 horas, e ponderamos regressar sem ter iniciado o caminho por causa deste estado físico do Bruno, mas ele mostrou vontade de fazer aquela etapa, muito tranquila uma visita ao castelo, a passagem para Espanha em Tui, fizemos as primeiras compras para esse dia de caminho, o que se viria a repetir em todos os outros locais de partida , sumos, água, fruta, e sandes feitas na altura, que levava numa outra mochila à frente para compensar.
Não sei a que horas chegamos a Porrino, fomos procurar o  albergue  que tinha marcado, não foi difícil de encontrar , enquanto os outros companheiros também se foram alojar.
Depois das habituais circunstâncias  de pagamento, indicaram-nos o nosso beliche.
Depositei as mochilas ao lado.
E se durante as reservas nunca referi a condição de ter uma perturbação autista, neste primeiro albergue, para que pudesse tomar um banho mais tranquilo, pedi para que o fizesse na casa de banho adaptada,  assim foi lhe facultada, mesmo que não  o referi-se, o comportamento dele denunciou a sua condição.
Curiosamente a jovem recepcionista , tinha uma amiga cujo filho também está neste espectro, e começou a ficar preocupada, com o entra e sai  dele do albergue, não fosse ele perder-se, pois queria dormir na rua, (tive que usar a técnica da chantagem, que não podia dormir na rua, porque não é permitido e podia ser  preso) os beliches é algo que o incomoda embora nos tempos de colónias de férias o tivesse feito, sem este espectáculo , ele dormiria em baixo, porque têm medo de cair ( numa dessas colónias um colega caiu do piso cima), e a mãe dormiria em cima.
Tendo este albergue umas camaratas, privadas a jovem arranjou nos dormida nesse espaço com portas, onde só dormimos os dois na parte de baixo dos beliches, e sem mais ninguém no espaço.
Ainda assim, mesmo com estas condições especiais, dormiu pouco.
Com a linha de comboio a passar perto, neste dia já estava com vontade de desistir, até porque na próxima dormida vamos ter de pernoitar em  mais um albergue...
Assim , como assim lá avançamos para mais uma etapa, a adaptação à mochila  já foi mais fácil...




Continua...

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Caminhos de Santiago


Mais por vontade da mãe, do que dele, à cerca de 3 anos que tínhamos ponderado fazer este caminho, vários amigos o fizeram, mas nunca mostraram interesse  em os poderemos acompanhar.
Fomos adiando, pensado que deste ano não passaria, nem que fossemos só os dois.
Sabíamos do interesse e determinação do nosso amigo Edgar Silva, uma pessoa especial que nos inspira e dentro da nossa disponibilidade faria todo sentido fazer este caminho com ele, e com mais duas pessoas que me custa arranjar adjectivos para os classificar, para além do amor ao próximo.
O José Garcia partiu nesta aventura uma semana antes do Porto,só com Edgar nunca cadeira de rodas manual, em marcha atrás, uma missão que para quem estava por fora se afigurava impossível, sem nenhum apoio logístico, com mochilas carregadas às costas e outra mochila ia na cadeira, o peso era muito, mas a vontade ainda maior.

A partir de Valença, 3 pessoas se juntaram( o Bruno , a Mina, e a Isabel esposa do José) à dupla que já tinha ultrapassado tantos obstáculos e se mantinha firme e determinada, em prosseguir o caminho, nunca houve outra opção, para eles não havia pés cansados, dores nas costas, a cabeça e a força de vontade eram permanentes.
Durante o percurso, questionei algumas vezes de onde vinha aquela força...
A resposta do José era sempre a mesma , eu estou bem, nunca me senti tão bem.
Aquela força interior, só nos podia deixar mais fortes a todos, a serenidade daquele casal, o exemplo de um Edgar que faz a diferença neste mundo de pequenez, com a sua persistência e teimosia, quem sempre se viu confinado a uma cadeira de rodas, com mobilidade motora reduzida, mas com uma força mental extraordinária, que sempre que era viável, partia pelos caminhos sozinho na sua "viatura" de duas rodas em marcha atrás, encontrava mos mais frente a confraternizar com outros peregrinos, admirados com aquela "aparição"...
Todos crescemos com esta gente, que vê oportunidades e não caminhos difíceis...
O próximo objectivo do Edgar é chegar ao  Vaticano , se houver mais casais Garcia, eu acredito, que este homem é capaz.
O livro e toda história, será o próprio a escrever, que até na escrita mostra a sua capacidade de superação, a linguagem oral por vezes é imperceptível, mas a sua escrita é clara e transparente.
Quem já foi da Lourinhã/Seixal até Santiago de Compostela, já provou do que é capaz.
Ficamos ,à espera do livro, espero nessas páginas ter um cantinho, de poder ter partilhado uma ínfima parte do caminho convosco.
Sinto, que por algum motivo o caminho fazia muito mais sentido na vossa companhia e principalmente a vossa compreensão, dedicação, no fundo , no fundo aquela palavra que a todos devia unir Amor Fraterno...
Obrigado
Mina e Bruno

A seguir as nossas etapas...