Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

terça-feira, 24 de julho de 2018

Caminhos de Santiago ( Etapas 3)





Sem dormir partimos , no "lusco fusco", queria deixar aquela cidade ,  rapidamente para trás.

5ª. Etapa- Caldas dos Reis- Dia 17 de Maio-O desespero era grande, ficar-mos  algumas horas à espera para seguir-mos com os nossos amigos, ou partimos os dois, não dava para esperar, e assim decidi, pela fresca partir  para aliviar o meu cérebro, enviei uma mensagem de madrugada , esperando que só vissem quando acordassem, para não ficarem preocupados connosco, que já tínhamos seguido caminho.
O nosso pequeno almoço tinha sido praticamente inexistente, apenas meio pão e uma garrafa de leite.  Mais ou menos a meio deste percurso existe um local onde o pequeno almoço compensou na pousada do peregrino,ponto paragem obrigatório, aí tomamos o pequeno almoço.
Inexplicavelmente um dos peregrinos, também no seu momento de pausa, nem sequer falamos , não sei qual era a nacionalidade, levantou-se e veio  entregar uma imagem da Virgen Peregrina ao Bruno,  como se por "artes mágicas" ele tivesse adivinhado, que lá não estivemos, vimos a capela fechada, à chegada e à partida... Apenas agradeci, e fiquei a pensar, que estas coisas não acontecem por acaso.
Tinha ficado com carregador da Isabel, iria deixa-lo no albergue e seguiríamos caminho, à hora que lá chegamos estava uma senhora acabar a limpeza, ainda não era meio-dia, e não havia ninguém responsável a quem o pudesse deixar.
Assim sendo restava-nos esperar que eles chegassem ao albergue, por volta das 16:30, numa aldeia onde não à nada, e nem sequer tínhamos feito as habituais compras da manhã estávamos limitados, vagueamos pela aldeia que nos tinham dito haver uma "venda"*, que não está identificada, lá encontramos uma pessoa que nos indicou, a porta estava fechada, só abre quando aparece alguém, lá compramos o farnel e fizemos o nosso habitual picnic no espaço exterior do albergue.
Aquelas toalhas finas serviram de colchão em cima da erva, e os nossos kispos de almofada, eu pelo menos "cochilei" um pouquinho ao som dos passarinhos, foi a descompressão, para ganhar forças para continuar a nossa etapa desse dia ainda faltavam uns 6 km.
Quando os companheiros chegaram , nós praticamente partimos para terminar a nossa etapa, ainda sugeriram que podíamos ali ficar era um albergue com boas condições, mas a nossa reserva estava feita, mais à frente.
Continuamos aquela hora, já pouca gente caminha, o Bruno quando vê alguém à frente acelera o passo e lá esticou a perna à mãe, neste curto trajecto encontramos um casal jovem, ele português ela Italiana, e levamos o caminho a falar de Autismo e do nosso amigo Edgar, que eles também já conheciam, o tempo passou mais rápido, fomos nos esquecendo do nosso próprio cansaço, embrenhados na conversa e na partilha, nada é por acaso, colocaram a morada do nosso albergue no GPS e foram nos acompanhar à porta.
Depois do  habitual banho e da roupa lavada, que era outra tarefa diária.
Fomos, à procura das águas quentes, lá tivemos os pés de molho, depois fomos jantar, para a mãe tortilha e para ele macarron com carne, regresso ao albergue/hotel, dia de brindar com um licor.
Não era um quarto twin, mas uma cama de casal que separamos com os nossos kispos feitos em rolos, que não gosta cá de misturas, já tinha até preparado umas mantas no chão para eu dormir, mas não foi necessário.
Foi uma noite de paz, finalmente dormi mos os dois, nem demos pelas horas a passar...

Continua...


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