Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Acudam-me"


O que vale, só à uma segunda-feira, por semana.
Mas a fixação, e conversa, do tudo encerrado às segundas-feiras, é diária.
Desde as dezenas de papéis que escreve sobre elas, à fúria com que fala dos encerramentos à segunda feira, é inexplicável.
Confesso, algum cansaço, e alguma falta de paciência, para esta "pancada", das segundas-feiras.
Na passada sexta-feira, enquanto a mãe dava um ajudinha no festival de marisco, que se realizou na Foz do Arelho.
Ele vai de máquina fotográfica em punho, registar, os estabelecimentos, com encerramento à segunda -feira.
Numa pequena vila, aqui fica o registo criado por ele, e que pediu que publicasse, queria saber a vossa opinião, das segundas-feiras :)

Nota- Montagem da imagem registou 4 establecimentos, ao primeiro até tirou 3 fotografias :), para me convencer da fobia das segundas-feiras, já pareço ele a repetir-me ;)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

"Medicação"


Já  referi alguma vezes as dificuldades respiratórias, causadas, pelo desvio do septo nasal.
E também , que nunca sabemos, até que ponto, os sintomas são tão graves, como eles os "pintam", uma vez que obsessividade  é também uma das características.
Mas uma coisa é certa, eles não inventam sintomas, nem se queixam sem razão, e desde que foi agredido com um murro no nariz, naturalmente que deixou sequelas, juntando ao pólen que anda no ar, à épocas em que se queixa mais, perturbando também o sono, esta dificuldade em respirar, o que naturalmente, também provoca mais ansiedade.
Os exames clínicos, mostram claramente este desvio, e a eventual necessidade de  se fazer uma intervenção cirúrgica.
A qual ele está disposto a fazer, e insisti, nessa possibilidade, tal não é a dificuldade que sente.
Já o avisamos das dificuldades do pós operatório, que parece aceitar. Mas, temos sempre receio, o que também acho natural.
Dúvidas ficam  sempre de como devemos agir, arriscar ou não na cirurgia, eu acredito que eles surpreendem pela positiva.
Posto isto, fomos a uma consulta, a qual ele insisti neste propósito cirúrgico, para se livrar deste mau estar respiratório, na perspectiva de que a médica lhe passe os exames médicos necessários a um pré-operatório.
A sua ansiedade característica nestes casos, leva-o a insistir.
Ao qual a médica, apenas de observar, a olho nu, sem toque.
Diz que ele está a respirar bem.
E que isto é tudo ansiedade, ou algum delírio mental e insisti em receitar-lhe a risperidona.
-E se eu recusar, (diz ele), no seu pleno direito.
Diz, para ele sair, enquanto fala comigo, e volta insistir na necessidade da medicação.
fazendo até alusões e contando-me um caso de deficiência mental, resolvida com medicação.
-Pois, mas mãe (eu) sei que ele têm os sintomas, e amanhã até pode ter outra fobia e insistir nela, como ela referia, que quando passasse aquela , viria outra.
-Mas também acho que não é medicação que resolve este tipo de situações e sintomas.
E enquanto, poder debelar, estas situações de forma natural, não vou pela formula química.( santa paciência), nem facto de lhe referir, que ele à muitos anos, tomou  meia dúzia desses comprimidos, e que relatou, terem-lhe provocado taquicardia ( retirados de imediato).
A receita veio, mas não foi aviada.
Ainda podemos decidir, certo ???
Entre um filho, dopado!? ou filho obsessivo!?

sexta-feira, 8 de maio de 2015

"Alerta"

Há quem compare, as vivências com autismo, ao stress pós  guerra.
Não seria tão exagerada,  e até sou daquelas pessoas com alguma resistência, mas têm dias que de facto, me sinto em alerta máximo, sem conseguir dar descanso ao meu cérebro, sinto todos os ruídos.
Nunca sabemos, nem podemos prever,ou antecipar os comportamentos dos outros, quando se tornam fóbicos.
Pode estar toda a gente a falar, mesmo ao lado dele (que não ouve), está muitas vezes "desligado", repetimos  e nada, mas ao longe está sempre com o os ouvidos, na irmã, e com instintos provocatórios, muitas vezes ela nem  liga, mas ele insisti na aproximação.
E não são brigas de irmãos, que se resolvem com uma conversação.
Tenho que andar sempre a fazer o papel de mediador, e confesso que é muito difícil, acho mesmo que não consigo estar à altura deste desafio.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

"Bênção das fitas"



A mãe pediu, para que ele escrevesse, uma fita, para a irmã, neste dia tão especial, e que lhe desejasse, só  coisas boas.

-Mas tenho, que escrever!?
-Tens, vamos escrever, uma fita cada um.
Lá o convenci.
Começa a escrever logo na fita.
Para que não haja grandes "estragos", é melhor fazeres um rascunho, e depois passas, para a fita.
E assim foi , aqui está na imagem do rascunho, e respectiva fita, do Donald, que a mãe ilustrou...
Algumas frases foram " censuradas" :)  não passaram do rascunho ;)

Não sei, se conseguem perceber a caligrafia, como eu já estou habituada.
Transcrevo, a parte autorizada ;)
"Peniche  tem mais encanto na hora da despedida.
Desejo-te muitos parabéns por teres concluído o curso de engenharia alimentar, e desejo-te que durmas mais, comas mais,
Que arranjes emprego  o mais depressa possível, consigas os teus objectivos, enfim sejas feliz."
Bruno.V.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Hoje vou ser simpático



É natural, as pessoas com esta síndrome, não terem filtro social.
O que os olhos vêem, "dispara" na linguagem.
Um amigo do pai, em tempos deu-nos boleia. 
A primeira coisa em que ele repara, é na obesidade da pessoa em questão, que num carro pequeno ocupa quase os dois bancos ;)
Entra, senta-se e em vez do habitual cumprimento, diz: Deves pesar para aí uns 110kg !? 
O senhor, não se conseguiu encolher no banco, por causa da sua  constituição física, mas pesará certamente mais, e nem lhe deu resposta.
Viemos calados o tempo todo. 
Assim que tive oportunidade, já fora do carro, expliquei-lhe que o senhor não é gordo, porque goste de o ser, é uma doença.

Há dias o mesmo senhor dá nos novamente boleia ( não terá ficado traumatizado).
Converso com Bruno, para não repetir a situação anterior.
-Quando entrares no carro dizes: boa noite, e obrigado
Já a ficar preocupado, que a língua se soltasse, queria vir no banco de trás.
-Oh! filho o senhor, não é nosso "chauffer", é melhor seres tu a ir  no banco da frente, do que a mãe, mas não faças comentários .
Quando chega a boleia, abre a porta da frente.
-Exclama: Hoje vou ser simpático  rsss, (em vez da boa noite  recomendada ).
Como quem diz hoje, não vou falar do teu peso  :)