Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Preparação!...

Do pensamento e do desejo à acção, vai um longo caminho.
As celebres segundas-feiras precisam de ser ocupadas, com o CC* a terminar a validade, vai ser esse o dia da renovação.
Planeamos que fosse sozinho, uma parte do percurso a pé e a outra de Toma**.
Chegada a hora , a mãe leva-te de carro (o tempo está nublado, pode chover,(desculpas)).
Mas entras sozinho, fazes tudo sozinho, faz de conta que eu não estou lá.

Leva o cartão no bolso e o dinheiro para o pagamento.
Dirige-se à máquina para tirar a senha de atendimento, aparece no visor : Pedido-Levantamento- Alteração de morada e ainda um outro.
-Fogo, vocifera  é expressão que usa quando está atrapalhado ( não estava lá a dizer  renovação), que seria a palavra chave.
Retira a senha do pedido, e senta-se em frente ao monitor, embora só faltem 4 números , aguarda quase uma hora, enquanto a mãe  está numa fila na diagonal, fingindo não estar, mas estando sempre a observar :)
-Quando chegar a tua vez, não precisas de ir a correr, vai com calma, dizes : Boa tarde, venho tratar da renovação do cartão de cidadão, e segues todas as indicações da pessoa que te atender ( conselhos da mãe).
Sentada ao lado dele , está uma senhora, com número anterior ao dele, assim que chamam aquele número, avisa logo a senhora  que é a vez dela .
Qual vai devagar, quando chamam a senha dele, lá vai no seu correr desengonçado , com medo que chamem  o número seguinte .
 Ele senta-se e a mãe aproxima-se e diz à senhora que vai estar ali ao lado se for necessário alguma coisa.
Acabando no entanto por ficar na cadeira ao lado, mas sem intervir.
A conversação é entre os dois (ele e a funcionária), a mãe  só interfere quando é para tirar a foto ( mas não serviu de nada), porque olhar para lente e não sorrir é complicado e não consegue fazê-lo  com  naturalidade ( lá voltou a ficar com ar de assassino procura-se).
Enfim, do mal o menos, não foi sozinho, e a preparação acabou por ser mais para a funcionária, que até lidou muito bem com ele, no fundo também é isso que se pretende que as pessoas entendam.
Vamos ver se quando for o levantamento, já o vai fazer sozinho ;)