Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

"Para o quê!? que isto, interessa!?"



Preocupações de "Aspie"
Ontem comemos provavelmente, as últimas sardinhas frescas, desta época!
Já não estão saborosas, e gordinhas como de costume.
Cada peixe têm a sua época.
-Que outros peixes, não se devem comer?
-Sei lá ( filho) deixa-me pensar, alguns à todo ano, os de viveiro por ex: o salmão a dourada...
-Outros só em determinada época, é, que é permitida a pesca, para poderem crescer ( o defeso)
- A lampreia por exemplo, só se pode apanhar numa época
-Eu sei, responde ele, todo contente, é entre Janeiro e Abril, a época da lampreia, até há um festival da lampreia.
-E a melhor altura, é em Março, nos meus anos (dele ).
Ora e aqui estou eu a pensar, com meus botões, para que serve saber a época da lampreia, ou dos outros peixes ( leu isto em qualquer lado), nós nem gostamos de lampreia , mas este rapaz gosta de saber tudo.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

"Metediço, atento"

Atenção!
Senhor Reis, faz favor de não faltar , hoje à aula de hidroginástica!
Já levou falta, na semana passada.
O Bruno está , atento, e toma nota :)
Sinal do quanto, ele gosta das pessoas, e sente a falta delas.
Ah! Prepare-se para um interrogatório, do que andou a fazer na passada semana.
Hoje, vai ser o primeiro olhar, para o encontrar.
Já perguntou!' Será que senhor Reis, hoje vai faltar!? :)

sábado, 23 de novembro de 2013

"Desaparecido"

Pergunto-lhe:
-Sabes do meu telemóvel ?
-Não.

-Liga para ele !( é a resposta)
-Ok. O problema, vai ser, quando ele não tiver bateria.
Desde, que têm internet ganhou, vida própria...
Anda , sempre desaparecido! Em sites de climas, e afins!
estou a escrever isto, que mais uma vez, não sei dele...
 
Vou ligar, para ele, a ver se o descubro ...
Bom fim de semana,

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Retratos de personagens



Projeto de voluntariado Educação/ Inclusão para as PEA ( Asperger às Claras).
Está disponível, para ir à sua Escola, lar de Idosos.
A diferença, está no modo como encaramos a diferença!
Temos disponibilizado Janeiro, para a Zona Norte , (Porto e arredores) os nossos contatos estão nesta pagina!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Fica, chato, chatinho até à milonésia casa...

Quantas e quantas vezes em 24 horas, já ouvi, ombro e pau repetido continuamente, quase sem pausas, não hà outro assunto, são movimentos atrás de movimentos, para ver se ainda dói, são "zangas com Deus", que pôs o pau no caminho .

Foram tentativas de tratamento: hà primeira vista, não vi qualquer tipo de alteração na zona de que se queixava, mesmo assim ao chegar mos a casa, coloquei uma banda de gel fria, não fosse inchar, passado um bocado uma massagem com gel analgésico e anti-inflamatório repetida à noite e um comprido de melatonina a ver se o cerebro descansava do ombro ( só tomou porque lhe disse. que ajudava a aliviar as dores), mesmo assim e apesar do cansaço, de se ter levantado cedo ter caminhado mais de 20km, não dormiu bem .

Isto para não ter que chamar um "arsenal" médico e exames aos montes, para ver o ombro, que com a um tropecção num pau, terá dado um mau jeito na queda amortecida nas folhas dos eucaliptos, não se queixa de mais nenhuma parte do corpo, é só o ombro, e não adiantam as minhas teorias do pensamento positivo, que ele encontra sempre as negativas.

E se o ombro não lhe dói, ele mexe para ver se ainda dói ;)

Durante o dia , já foi pôr o ombro a apanhar sol.

Ao lanche a beber o ioguorte liquido: isto faz bem aos ossos (refere ele).

Lool até da morfina, o rapaz já se lembrou, esta não sei de onde ele tirou.

Morfina!? (pergunto eu)

-Já ouvi falar (diz ele)

Esta coisa se ser esponja, é no que dá, ou leu, ou viu nalguma programa de tv, que a morfina alivia as dores :)

Estas "mariquices", claro que lhe dói, disso não tenho dúvidas, mas não sei até que ponto valorizar, estas dores, e quem irá ter paciência para aturar, quando vierem aquelas dores , que vêm para ficar !?
Abril 2013

Algumas situações são já passadas, tal como esta, que já se passou em Abril.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"Recorrente"

Estavamos eu, e ele a comer-mos no enclave.
Eu esta a comer devagar, então ele mete-se comigo e diz:
-Come lá mais depressa.
Eu não posso comer mais depressa, porque posso ficar gordo, assim como tu estás.
Depois a seguir ele podia virar-se  contra mim e agredir-me como da outra vez.
São estas situações que me deixam relamente preocupado, e só a pensar nele.

Bruno.V. 10/11/2013

Esmiuçando, um pouquinho.
-Oh! filho, não podias dizer que ficavas ,como ele, não podemos fazer comparações, não temos , nada a ver  com a vida dos outros.
O mais que podias dizer, é que tu não querias ficar gordo. ( entendido)
Acho, que nem por isso, esta tendência em dizer o que se sente, e o que os olhos veêm, não à muita volta a dar.
E voltou a sair-se como uma curiosa , um pouco mais ligeira.
Que agora não me lembro textualmente, mas comparava na mesma , o facto do outro individuo ter excesso de peso.
Vá-se lá dizer a este rapaz, que não pode dizer tudo, mesmo que seja verdade.
Dificíl....


Mãe Mina

Marcas do Passado

Eu nunca me vou esquecer do momento em que o J.P, me agrediu.
Apesar de eu já não estar na instituição, eu de vez em quando penso que qualquer dia eu vou encontrar o agressor na rua, e vou ser novamente vítima dele com consequências ainda mais graves do que naquele dia que me fracturou o nariz.
Eu tenho raiva do J.P, sempre que me lembro da raiva, que ele tinha no momento em que me agrediu, dando-me um murro no nariz com bastante força e dizendo:
-Eu mato-te.
Esse foi o momento onde entrei em pânico, com medo , que ele podia acabar comigo, eu fugi para uma sala mesmo ao lado e ouvi o J.P com a raiva, ele ainda deve ter tentado matar-me, mas felizmente não aconteceu mais nada.
A raiva do J.P. era tanta, que me põe frequentemente com raiva dele, que só me apetece vingar-me daquilo que ele me fez.
Ele estava nervoso nessa altura. E isso ainda me põe mais nervoso.
Quando eu penso no rapaz que me agrediu, fico muito zangado que só me apetece vingar-me.
Eu tenho medo do J.P e penso nisto:
-Será que o J.P. me vai agredir se acontecer isto ou aquilo.
Eu depois de ser agredido na instituição, tive um acompanhamento com a psicóloga C. durante pouco tempo.
A sessão de acompanhamento que mais me marcou foi quando a C., disse-me que o J.P. ás vezes começa a picar os colegas, para ver se arranja desculpa para os agredir.
E a C. devia escrever no bloco de apontamentos uma resposta a esta pergunta. Quando o J.P. começa a picar os colegas para arranjar desculpas para bater-nos? O que fazem para não serem suas vítimas?
A C. respondeu-me que os meus  colegas fogem do J.P, quando este os tenta agredir.
Mas eu também fugi do J.P.
O J.P não corre atrás dos colegas, para os apanhar e  continuar a picar e arranjar alguma desculpa para os agredir?
A esta pergunta é que queria obter uma resposta, porque eu fugi do J.P e ele correu atrás de mim, e apertou-me o pescoço, e depois disse-me para eu pedir desculpa, por ter saído do pé dele.
Isso leva-me a pensar como é que os colegas conseguem fugir do J.P, e ele não corre atrás deles para os agredir. A esta pergunta eu queria obter uma resposta.
Uma das várias situações,  que o J.P pode não gostar e agredir, é se lhe chamarem gordo.
Isto em relação às provocações, penso nunca coisa.
As pessoas pertencentes a uma claque de um clube de futebol, provocam o clube adversário , dizendo coisas que alguém de um clube adversário não gosta de ouvir, então alguém que não gosta de ouvir o que os elementos da claque de futebol diz sobre o seu clube, agride muita gente dessa claque.

Texto Bruno V. ano 2011

Este texto, terá sido escrito no ano seguinte  à agressão,.
Durante esse ano  o medo era tanto, que nem o vidro do carro abria, as portas eram todas trancadas.
È um tema recorrente, sobre o qual ele ainda escreve muito, e um medo que ficou para vida.
Transcrito na íntegra, retirado dos seus cadernos de escrita..
Recorri, agora a ele, que ainda ontem , foi tema de conversa, já passados mais de 3 anos, sobre o acidente, cujas as marcas continuam visíveis, não só psicológicamente como fisicamente, ainda estando a aguardar pela cirurgia, o sistema respiratório ficou sériamente afectado.

Mãe Mina

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

"Minha Esperança é Você"


Argumento: Numa escola para crianças excecionais, uma professora novata e inexperiente, interpretada por Judy Garland, entra em conflito com o diretor da instituição, papel desempenhado por Burt Lancaster, por causa do seu modo de educar um menino autista recém-abandonado pela família. Comovente denúncia do preconceito de grande parte da sociedade para com os portadores de deficiência mental, a obra é um drama que continua bastante atual.
Ficha técnica do filme:
Título original: A Child Is Waiting (Minha esperança é você / Anjos sem paraíso)
Diretor: John Cassavetes (EUA, 1963, 102 min., preto e branco).
Roteiro: Abby Mann, baseado em história da sua autoria.
Fotografia: Joseph La Shelle. Música: Ernest Gold. Montagem: Gene Fowler, Jr.
Produção: Stanley Kubrick Productions, United Artists.
Atores: Burt Lancaster (Dr. Matthew Clark), Judy Garland (Jean Hansen), Gena Rowlands (Sophie Widdicombe), Steven Hill (Ted Widdicombe), Bruce Ritchey (Reuben Widdicombe), Gloria McGehee (Mattie), Paul Stewart (Goodman), Lawrence Tierney (Douglas Benham), Elizabeth Wilson (Miss Fogarty), Barbara Pepper (Miss Brown), June Walker (Mrs. McDonald), John Marley (Holland).

"Um filme modelo para educação especial"

 
Mais de meio século depois, este filme permanece corajoso, forte, fascinante, impressionante. As interpretações são magníficas, e há uma série de sequências antológicas, assustadoras e belas. Até hoje, não é muito comum falar no cinema sobre pessoas com deficiência mental, ou com necessidades especiais, a nomenclatura mais politicamente correta nos tempos do politicamente correto. Em 1963, então, era sem dúvida um ato de grande coragem fazer um filme sobre esse tema. O nome do produtor explica a coragem: Stanley Kramer era um sujeito que não tinha medo de polémicas, de abordar temas difíceis.
Neste Minha Esperança é Você, a coragem do produtor une-se ao imenso talento do director John Cassavetes, tido hoje como o pai do cinema independente americano. Todas as interpretações são excelentes, e Cassavetes não tinha vergonha alguma em abusar dos "close-ups", algo de que o cinema americano não gostava muito na época, para se distanciar da sua grande rival, a TV. Burt Lancaster está perfeito. Alto, forte, atlético, figura imponente, para fazer de Dr. Clark, o director clínico de uma grande instituição para deficientes no interior de Nova Jersey. Clark é competente, abnegado, dedicado, decidido, firme como uma rocha. Exactamente o oposto da outra protagonista, Jean Hansen, que no início da ação se apresenta para trabalhar na instituição, embora não tenha experiência nem como enfermeira, nem como professora, nem tenha nunca lidado com deficientes na vida. Uma mulher insegura, temerosa, com um passado inquieto, é o papel que cabia como uma luva para Judy Garland, essa artista fenomenal e fenomenalmente problemática, actriz de cinema a partir dos 14 anos de idade. Jean Hansen, a mulher insegura como a própria actriz, de feições sempre turvadas por dúvidas, questionamentos, medos, foi o penúltimo personagem da carreira de Judy Garland. Um grande papel, uma grande interpretação. Uma das grandes qualidades da história de Minha Esperança é Você é que jovens deficientes trabalham no filme e dão autenticidade forte.
O filme quer discutir a questão de como lidar com os deficientes. E nisso reside o seu valor, e ao mesmo tempo residem as suas pequenas falhas. Parte do valor, do grande valor do filme: jovens deficientes mentais fazem parte do elenco, estão lá representando a si próprios, o que dá um tom fortíssimo de documento, daquilo que os franceses chamaram de cinéma-vérité. E Cassavetes usa e abusa dos "close-ups" dos meninos, é chocante, é apavorante, é belo, no preto-e-branco muito bem fotografado pelo mestre Joseph La Shelle. Nos créditos iniciais, explicita-se que os produtores contaram com o apoio e a orientação de uma instituição da Califórnia de educação de deficientes mentais. O filme defende a tese de que os jovens deficientes mentais, como se falava na época, ou os com necessidades especiais, como se diz hoje, devem ser cuidados em instituições especializadas, voltadas para eles, onde há apenas outras pessoas como eles. Devem sentir que estão entre pares, entre iguais; conviver com crianças diferentes deles só os fará ter mais e mais problemas. Mais ainda: eles devem ser ensinados a ter disciplina e nunca vergonha do que são; devem ser preparados para ter algum tipo de habilidade que permita de alguma forma a sua inserção na sociedade. Devem ter dignidade.
Além de defender essa tese, o filme dedica-se a demonstrar que os pais devem vencer o medo, o preconceito, e admitir o quanto antes que os seus filhos com deficiência têm deficiência. Para demonstrar isso, a trama criada por Abby Mann usa a história de um casal de classe média em ascensão social, cujo primogénito, Reuben (Bruce Ritchey), é deficiente. Tanto a mãe de Reuben, Sophie, mulher de boa formação universitária, quanto o pai, Ted (Steven Hill), arquiteto ambicioso, dinheirista, carreirista, demoram muito a aceitar o facto de que, sim, Reuben é deficiente, e fica explícito que essa demora piorou as coisas para o menino. Pai e mãe são tão incapazes de aceitar o facto que o casamento acaba um ano após o primeiro diagnóstico, que eles insistem em reverter procurando uma segunda, uma terceira, uma quarta opinião.
O filme foi realizado em 1962, tendo a sua estreia em 1963, pelo que, como é natural, se apresenta o clássico modelo de educação especial das crianças em centros especiais para deficientes. Ainda tardaria em aparecer e estender-se a ideia da integração escolar de alunos com N.E.E.. E mais ainda a ideia da educação inclusiva, vigente na actualidade.

Autismo e educação inclusiva:

Aproveito para falar de educação inclusiva seguindo as opiniões muito acertadas da educadora brasileira Patrícia Rocha Cassimiro. Segundo ela, o direito à educação é direito de toda criança, adolescente ou adulta, seja ela qual dificuldade tiver. Na constituição do Brasil e nas de outros países, afirma-se isso, que todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. E a educação inclusiva parte dessa intenção, que cada um possa procurar a plenitude do seu existir, para participar activamente na construção da sua vida pessoal, tendo uma existência feliz e de qualidade. Este tema hoje é cada vez mais actual e cada vez mais discutido nas escolas. E a discussão gira em torno de como ocorre essa inclusão nas escolas?
Primeiramente, a escola deve estar adequada àquela criança, jovem ou adulta. Tendo profissionais adequados bem formados e espaços direccionados às determinadas deficiências. Essa escola deve também respeitar os limites do educando e desenvolver uma real integração social na comunidade em que vivem. A inclusão implica também uma mudança de paradigmas, de conceitos e costumes, que fogem as regras tradicionais, ainda fortemente calcados na linearidade do pensamento, no primado do racional e do ensino, na transferência dos conteúdos curriculares. Ainda existe uma resistência por parte das escolas, em concretizar essa inclusão, as suas desculpas variam entre não ter profissionais especializados, salas adequadas ou acessos dentro das escolas, entre outras. Do que muito é responsabilidade da administração educativa. A inclusão é, portanto um conceito intrigante, que busca retirar as barreiras impostas pela exclusão no seu sentido mais global. E a educação é, portanto um direito de todos, e assegurá-lo é necessariamente, dar boas vindas a esse aluno, sem questionar as suas possibilidades ou dificuldades. Respeitando-os, integrando-os ao quotidiano escolar, visando capacitar e melhorar a vida desse educando.
O Autismo é um termo geral usado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro, conhecido como "Transtornos do Espectro Autista" (TEA). O TEA são um conjunto de manifestações que afectam o funcionamento social, a capacidade de comunicação, implicam num padrão restrito de comportamento e geralmente vem acompanhado de deficiência intelectual. O TEA é constituído pelo Autismo, a síndrome de Asperger e pelo transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. Nos manuais de classificação esses quadros estão localizados dentro do capítulo dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD), que inclui além dos TEA, a síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo. Em comum, as pessoas que fazem parte do TEA apresentam dificuldades em entender as regras de convívio social, a comunicação não-verbal, a intencionalidade do outro e o que os outros esperam dela. Com essas dificuldades funcionais, o impacto na eficiência da comunicação é muito grande, fazendo com que o desenvolvimento do cérebro social se mantenha cada vez mais insuficiente para exercer as funções necessárias para a interação social. Os sintomas do autismo normalmente permanecem com a pessoa durante toda a sua vida. Uma pessoa pouco afectada pode parecer apenas um tanto diferente e ter uma vida normal. Uma pessoa gravemente afectada pode ser incapaz de falar ou cuidar de si mesma. A intervenção precoce pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento da criança. A maneira como o seu filho age e se comporta actualmente pode ser muito diferente de como ele agirá e se comportará no futuro.
Actualmente não existe um teste médico específico para o diagnóstico de autismo. O diagnóstico baseia-se na história de vida do paciente, no comportamento observado em diversas situações e em testes educacionais e psicológicos. Como os sintomas do autismo variam, as vias para a obtenção do diagnóstico também variam. Em algumas crianças são identificados atrasos no desenvolvimento antes delas serem diagnosticadas com autismo e assim podem receber intervenção precoce ou serviços de educação especial.
Evidências recentes sugerem que os primeiros sinais do autismo podem ser vistos em crianças bem novas, com 8 a 10 meses de idade: podem ser mais passivas, mais difíceis de acalmar ou não reagem quando alguém chama o seu nome. Algumas crianças com autismo apresentam, por volta de um ano de idade, prejuízos de orientação ao estímulo social (ex: orientação social, de atenção compartilhada, de interação social e de antecipação, de balbuciar, de gestos, de pronúncias de palavras e de imitação). Alguns desses primeiros sinais podem ser notados pelos pais, outros podem apenas ser observados com a ajuda de um clínico especialista.
É interessante conhecer a diferença entre Síndrome de Asperger e autismo, ou autismo com "alto grau de funcionamento": O autismo, necessariamente apresenta um prejuízo marcado e permanente na interação social, alterações de comunicação e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses, que devem estar presentes antes dos três anos de idade. Pela sua parte, a síndrome de Asperger, caracteriza-se por prejuízos na interação social, interesses e comportamentos limitados, porém não apresenta atraso no desenvolvimento da linguagem falada ou na percepção da linguagem. É caraterístico o desajeitamento motor, determinados interesses que lhe ocupam toda a atenção, tendência a falar sobre o que querem, sem se dar conta do interesse do outro.
A maior parte das vezes, provavelmente, o autismo resulta de uma combinação de fatores de risco genéticos que interagem com os fatores de risco ambientais. Foram identificados diversos genes de susceptibilidade ao autismo, o que significa que há maior probabilidade do indivíduo desenvolver autismo se ele possui uma variante deste gene, ou, em alguns casos, uma mutação rara. Provavelmente, diversos genes contribuem para o autismo. Acreditamos que esses genes específicos interagem com determinados fatores ambientais. A maior parte da pesquisa actual busca identificar a contribuição dos fatores genéticos e ambientais para o autismo. Muito embora alguns fatores genéticos tenham sido identificados, sabemos pouco sobre a contribuição dos fatores ambientais, ainda. A exposição a agentes ambientais, tais como os agentes infecciosos (rubéola da mãe, ou o citomegalovírus), ou a agentes químicos (talidomida ou valproato) durante a gravidez podem causar o autismo.
O tratamento para o autismo normalmente é um programa intenso e abrangente que envolve a família da criança e um grupo de profissionais. Alguns programas podem ser feitos em casa e incluir profissionais especialistas e terapeutas treinados. Alguns programas são colocados em prática dentro de uma instituição especializada, na sala de aula ou na escola de educação infantil. Não é incomum uma família optar por combinar mais de um método de tratamento.
Os programas de intervenção intensivos para os sintomas principais do autismo abordam as questões sociais, de comunicação e questões cognitivas centrais do autismo. O programa de tratamento depende das dificuldades (inabilidades) e dos pontos fortes (habilidades) da criança. Cada fase do desenvolvimento apresenta necessidades peculiares. Na fase pré-escolar, o desenvolvimento da coordenação motora e a capacidade de adaptação ao grupo são fundamentais. Na fase de alfabetização, dificuldades podem requerer intervenção de fonoaudiólogo e psicopedagogo. Já a entrada na adolescência, pode trazer novas dificuldades e requerer outras prioridades de intervenção. A intervenção comportamental, a terapia ocupacional e a terapia fonoaudiológica normalmente estão integradas ao programa.
É muito importante para um docente de aula regular saber como integrar uma criança autista. De entrada necessitamos docentes com muita paciência e sensibilidade. Mais importante é ainda ter algum professor de apoio especialista para que integração e educação inclusiva sejam o mais acertadas e adequadas, em bem de todas as crianças, nomeadamente aquelas que tenham necessidades educativas especiais (NEE).