Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Autismo e educação inclusiva:

Aproveito para falar de educação inclusiva seguindo as opiniões muito acertadas da educadora brasileira Patrícia Rocha Cassimiro. Segundo ela, o direito à educação é direito de toda criança, adolescente ou adulta, seja ela qual dificuldade tiver. Na constituição do Brasil e nas de outros países, afirma-se isso, que todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. E a educação inclusiva parte dessa intenção, que cada um possa procurar a plenitude do seu existir, para participar activamente na construção da sua vida pessoal, tendo uma existência feliz e de qualidade. Este tema hoje é cada vez mais actual e cada vez mais discutido nas escolas. E a discussão gira em torno de como ocorre essa inclusão nas escolas?
Primeiramente, a escola deve estar adequada àquela criança, jovem ou adulta. Tendo profissionais adequados bem formados e espaços direccionados às determinadas deficiências. Essa escola deve também respeitar os limites do educando e desenvolver uma real integração social na comunidade em que vivem. A inclusão implica também uma mudança de paradigmas, de conceitos e costumes, que fogem as regras tradicionais, ainda fortemente calcados na linearidade do pensamento, no primado do racional e do ensino, na transferência dos conteúdos curriculares. Ainda existe uma resistência por parte das escolas, em concretizar essa inclusão, as suas desculpas variam entre não ter profissionais especializados, salas adequadas ou acessos dentro das escolas, entre outras. Do que muito é responsabilidade da administração educativa. A inclusão é, portanto um conceito intrigante, que busca retirar as barreiras impostas pela exclusão no seu sentido mais global. E a educação é, portanto um direito de todos, e assegurá-lo é necessariamente, dar boas vindas a esse aluno, sem questionar as suas possibilidades ou dificuldades. Respeitando-os, integrando-os ao quotidiano escolar, visando capacitar e melhorar a vida desse educando.
O Autismo é um termo geral usado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro, conhecido como "Transtornos do Espectro Autista" (TEA). O TEA são um conjunto de manifestações que afectam o funcionamento social, a capacidade de comunicação, implicam num padrão restrito de comportamento e geralmente vem acompanhado de deficiência intelectual. O TEA é constituído pelo Autismo, a síndrome de Asperger e pelo transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. Nos manuais de classificação esses quadros estão localizados dentro do capítulo dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD), que inclui além dos TEA, a síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo. Em comum, as pessoas que fazem parte do TEA apresentam dificuldades em entender as regras de convívio social, a comunicação não-verbal, a intencionalidade do outro e o que os outros esperam dela. Com essas dificuldades funcionais, o impacto na eficiência da comunicação é muito grande, fazendo com que o desenvolvimento do cérebro social se mantenha cada vez mais insuficiente para exercer as funções necessárias para a interação social. Os sintomas do autismo normalmente permanecem com a pessoa durante toda a sua vida. Uma pessoa pouco afectada pode parecer apenas um tanto diferente e ter uma vida normal. Uma pessoa gravemente afectada pode ser incapaz de falar ou cuidar de si mesma. A intervenção precoce pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento da criança. A maneira como o seu filho age e se comporta actualmente pode ser muito diferente de como ele agirá e se comportará no futuro.
Actualmente não existe um teste médico específico para o diagnóstico de autismo. O diagnóstico baseia-se na história de vida do paciente, no comportamento observado em diversas situações e em testes educacionais e psicológicos. Como os sintomas do autismo variam, as vias para a obtenção do diagnóstico também variam. Em algumas crianças são identificados atrasos no desenvolvimento antes delas serem diagnosticadas com autismo e assim podem receber intervenção precoce ou serviços de educação especial.
Evidências recentes sugerem que os primeiros sinais do autismo podem ser vistos em crianças bem novas, com 8 a 10 meses de idade: podem ser mais passivas, mais difíceis de acalmar ou não reagem quando alguém chama o seu nome. Algumas crianças com autismo apresentam, por volta de um ano de idade, prejuízos de orientação ao estímulo social (ex: orientação social, de atenção compartilhada, de interação social e de antecipação, de balbuciar, de gestos, de pronúncias de palavras e de imitação). Alguns desses primeiros sinais podem ser notados pelos pais, outros podem apenas ser observados com a ajuda de um clínico especialista.
É interessante conhecer a diferença entre Síndrome de Asperger e autismo, ou autismo com "alto grau de funcionamento": O autismo, necessariamente apresenta um prejuízo marcado e permanente na interação social, alterações de comunicação e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses, que devem estar presentes antes dos três anos de idade. Pela sua parte, a síndrome de Asperger, caracteriza-se por prejuízos na interação social, interesses e comportamentos limitados, porém não apresenta atraso no desenvolvimento da linguagem falada ou na percepção da linguagem. É caraterístico o desajeitamento motor, determinados interesses que lhe ocupam toda a atenção, tendência a falar sobre o que querem, sem se dar conta do interesse do outro.
A maior parte das vezes, provavelmente, o autismo resulta de uma combinação de fatores de risco genéticos que interagem com os fatores de risco ambientais. Foram identificados diversos genes de susceptibilidade ao autismo, o que significa que há maior probabilidade do indivíduo desenvolver autismo se ele possui uma variante deste gene, ou, em alguns casos, uma mutação rara. Provavelmente, diversos genes contribuem para o autismo. Acreditamos que esses genes específicos interagem com determinados fatores ambientais. A maior parte da pesquisa actual busca identificar a contribuição dos fatores genéticos e ambientais para o autismo. Muito embora alguns fatores genéticos tenham sido identificados, sabemos pouco sobre a contribuição dos fatores ambientais, ainda. A exposição a agentes ambientais, tais como os agentes infecciosos (rubéola da mãe, ou o citomegalovírus), ou a agentes químicos (talidomida ou valproato) durante a gravidez podem causar o autismo.
O tratamento para o autismo normalmente é um programa intenso e abrangente que envolve a família da criança e um grupo de profissionais. Alguns programas podem ser feitos em casa e incluir profissionais especialistas e terapeutas treinados. Alguns programas são colocados em prática dentro de uma instituição especializada, na sala de aula ou na escola de educação infantil. Não é incomum uma família optar por combinar mais de um método de tratamento.
Os programas de intervenção intensivos para os sintomas principais do autismo abordam as questões sociais, de comunicação e questões cognitivas centrais do autismo. O programa de tratamento depende das dificuldades (inabilidades) e dos pontos fortes (habilidades) da criança. Cada fase do desenvolvimento apresenta necessidades peculiares. Na fase pré-escolar, o desenvolvimento da coordenação motora e a capacidade de adaptação ao grupo são fundamentais. Na fase de alfabetização, dificuldades podem requerer intervenção de fonoaudiólogo e psicopedagogo. Já a entrada na adolescência, pode trazer novas dificuldades e requerer outras prioridades de intervenção. A intervenção comportamental, a terapia ocupacional e a terapia fonoaudiológica normalmente estão integradas ao programa.
É muito importante para um docente de aula regular saber como integrar uma criança autista. De entrada necessitamos docentes com muita paciência e sensibilidade. Mais importante é ainda ter algum professor de apoio especialista para que integração e educação inclusiva sejam o mais acertadas e adequadas, em bem de todas as crianças, nomeadamente aquelas que tenham necessidades educativas especiais (NEE).

1 comentário:

Mina disse...

Há classificações neste documento, que já estão desatualizadas, pelos novos critérios da DSM V, não havendo a distinção da SA e da PDD, que estão englobados nas PEA.
Achei o artigo embora antigo, interessante, e actual.
Este blog, não é, nem pretende ser formativo. Não têm bases cientificas, a selecção dos artigos, são pessoais, naquilo em que me revejo...
Obrigado