Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Que "Formatação"!?...



Como bom atleta que se preze, precisa da garrafa de água.
É dia de ginásio.
Naquele dia esqueceu-se de levar a garrafa de casa.
Vamos no carro e lembra-se:
-Esqueci-me da água!...
-Não faz mal compras lá (diz a mãe)
-Mas pode não haver!... retorquiu
-Tira aí dinheiro da carteira da mãe...
Procura umas moedinhas, e fica com um euro, já próximo da instituição há um café.
-Ele diz é melhor comprar aqui, lá pode não haver.
-Ok. A mãe para a viatura em frente ao estabelecimento.
Ele entra olha a vitrina e só vê garrafas de 1,5l.
Saiu-Naquele "modo" pensativo.
-Pergunto, porquê...
-Estava a pensar se o dinheiro não chegasse.
-O filho, mas se o dinheiro não chegasse, tinhas outras soluções:
1º-Podias pedir uma garrafa, mais pequena.
-Mas não havia (diz ele).
-Porquê que dizes que não havia? Perguntaste?
-Não .Mas não havia ,não estava no expositor.
Além disso mais pequena podia não chegar. (para sede dele).
2º-Ainda podias ter vindo ao carro , buscar mais dinheiro.
3º-E naquele café, como nos conhecem também podias dizer que a mãe depois ia lá pagar o resto.
-Como vês filho, há sempre uma solução!...


Mas não, nesta cabecita não há, outra solução, fica sempre em aflição.
Oh!...Meu Deus que "formatação"

8 comentários:

Mrs_Noris disse...

Mina,
Sabe quando entramos numa loja e aproximam-se logo 2 ou 3 empregados a perguntar se precisamos de ajuda? O “Posso ajudar?” antes tinha em mim um efeito repelente, saía da loja o mais depressa possível como se estivesse a fugir de alguém. Depois percebi que esta minha reacção não fazia qualquer sentido, que temos de ser superiores à nossa timidez, afinal aquelas pessoas estão a ser pagas para isso mesmo, para ajudar, e então decidi que o melhor seria ensaiar uma resposta para levar na ponta da língua: “Por enquanto não, obrigada! Quando eu precisar, peço”. Agora, quando preciso de ajuda peço mesmo, e até sou bastante chatinha, às vezes dou-lhes uma grande trabalheira e saio de lá sem comprar nada (lol). O Bruno devia adoptar esta estratégia, sempre que precisar de ajuda deve procurar. Não devemos esperar que venham perguntar, temos de ser mais flexíveis.
Já o meu filho pede ajuda quando precisa. Pede não, exige! hehehehe
Beijinhos

Bruno,
Aqui esse problema não se punha, podemos beber água directamente da torneira :)!

LuisaB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mina disse...

Noris
o Bruno, não haje assim por timidez ou vergonha,que isso são caracteristicas que não tem nada a ver com ele. lool
É capaz de entrar na loja, estar gente a frente e ele nem aguardar a vez,não deve concerteza usar as regras de etiqueta "Se faz favor" ou "obrigado", não ,que não, lhe tenha repetido, centenas vezes, essas informações.
É tudo muito prático, chega, pede, paga e vem embora, eventualmente comentará alguma coisa que lhe chame a atenção, como se houver por exemplo alteração de horários de funcionamento do estabelecimento, ou dos preços.
A formatação tem a ver com o facto de que ele é mesmo assim, tem aquela informação no "disco", e é aquela que passa e não outra alternativa.
A partir daí, só se passar para o "modo" bloqueado.
Penso que isto é um comportamento genaralizado nos portadores desta sindrome, nada de formalismo.
A timidez cura-se,lol. Já a sindrome não!?...

Eu não por timidez ou vergonha, mas imcomoda-me aqueles restaurantes, em que estamos constantemente a ser vigiados pelos empregados, se temos água ou vinho...Não fico nada a vontade, também só lá entro se for por engano loool, Portanto só posso ser mesmo pobre ihihihihi
Bjocas

Bjocas

Mina disse...

Luísa
Por muito que eu gostasse não conseguia alterar, esta forma de pensar, faz mesmo parte intrinseca da maneira de ser dele.
E por mais argumentos que eu use, não tem dado resultado, á sempre o pensamento negativo a leva-lo para que não arranje soluções alternativas.
Acho que se concentra demasiado naquela opção, que não encontra outras.
Acho que é uma das carecteristicas muito vincadas, e já tem muito treino , houve tempos em que nem sequer entrava numa loja sozinho, eu não pudia desaparecer do seu ângulo de visão ou ficava em stress.
Acho que esta e outras caracteristicas o tornam um portador de Sindrome de Asperger,"completo", como eu costumo dizer. Mas também é isso que faz dele um ser fascinante, que até faz a mãe andar aqui a escrever neste meio, para o qual não estava preparada...
Bjocas

Visite www.arteautismo.com disse...

Mina, já pensou na angústia que certas situações causam a ele?
Perguntar se tem outra menor, ir ao carro pedir mais dinheiro para voce ou até mesmo dizer para o dono do estabelecimento_ Mais tarde minha mãe paga?
A gente também tem isso as vezes , não neste grau, mas temos.
Voce ja entrou num consultório com muitas pessoas na sala de espera? Todo mundo quieto sem falar uma palavra? E parecendo vigiar cada movimento nosso?
A gente não se sente estranho assim? Mexe com o cabelo , lê uma revista, mas sempre com medo de desagradar o outro que não conhecemos?
Penso que é isso....pura angústia.

Beijos.
Ray

Mina disse...

Ray
Acho que se o Bruno não fosse portador de SA, esta seria uma caracteristica de um teimoso.
Que quando teima tem mesmo de ser como ele quer.
Neste caso não se aplica teimosia , á dificuldade de sugerir ou pedir diferente, parece assim tipo um "disco" leva aquilo gravado e não roda para mais lado nenhum.
É mesmo uma caracteristica, neste caso foi uma pequena situação, mas pode surgir em qualquer outra, só usa o que tem "formatado" :).
Bjocas

Anónimo disse...

Querida Mina,
A cena descrita poderia ser da autoria do meu filho, sem por nem tirar.
A grande dificuldade é ensiná-los a distinguir o que é essencial e grave, do que não tem qualquer importância: ao que parece é uma tarefa impossível por que eles só vêm num determinado ângulo.É o "one way mind" de que fala o Tony Attwood!!!
O meu continua,felizmente,a não demonstrar agitação ou nervosismo nessas situações mas noto que cada vez mais lhe acontece o inverso - fica "bloqueado", quieto, a olhar para o infinito e não "desencalha".
Beijos!
mariamartin

Mina disse...

Maria Martim
Parece que tem um botão desactivado, e que só conseguem passar a informação registada.
Não existem 2ª. opcões, a partir dali passa o modo bloqueio.
No caso do meu, a agitação e algum descontrole, manisfestou-se mais a partir da adolescência, não sei se será ,também uma questão hormonal.
E talvez o facto o ser mais velho lhe cause mais instabilidade, o querer dar a volta a situação e não conseguir, (isto sou eu a especular).
De qualquer das formas, não quero com isto dizer que outros reagam da mesma forma, devo sempre referir que cada caso é um caso.
Bjocas