Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

sábado, 31 de julho de 2010

Sonhar faz sentido!...(5)

Pessoas com Síndrome de Asperger são extraordinariamente determinadas e conhecedoras nas suas áreas de interesse específico, abrindo assim uma porta para oportunidades de futuro. “O Bruno fez quatro anos de formação profissional na área de informática”, informa Mina. “Gostava que ele tivesse um emprego a nível da informática ou da introdução de dados. Nessas coisas ele era capaz”. Entre sorrisos, acrescenta que o filho é muito perfeccionista com os números.
E exemplifica: “ele esteve, no centro que frequenta, na parte da contabilidade a conferir facturas. Ele via se faltava um cêntimo”. “É claro que precisa de apoio”, esclarece. “Se alguma coisa não correr como programado pode haver um bloqueio, mas de resto era muito capaz”.
Agora ficava bem ouvir As Bodas de Fígaro. Pensar que tudo acaba bem. A música transmite-nos uma sensação de alegria. Rossana tem planos para o irmão – “ele podia ser veterinário….”. Quanto a si diz-me que quer ser educadora de infância. Pergunto-lhe se considera a hipótese de trabalhar com crianças com necessidades especiais – “é uma opção, a minha família apoiaria bastante se o fizesse”. Deixa as hipóteses em aberto, mas noto que está a sorrir

Para Mina o futuro é hoje – “ele agora tem vinte e cinco anos, daqui a pouco tem trinta…Quando eu não estiver cá como é que vai ser? Para onde é que ele vai?”. A dificuldade continua a ser arranjar um emprego útil (Bruno, actualmente, frequenta o Fórum Sócio Ocupacional). “Mandei currículos para supermercados, para ele ver a data de validade dos produtos… só precisa da primeira orientação”. Nota-se que está cansada de ver os dias a passar sem nenhuma evolução. “Ás vezes sentimo-nos sozinhos….”

Piedade Monteiro, também ela mãe de um filho com Asperger, conhece estas preocupações – “nós morremos”, diz sem rodeios.
“É preciso ter esperança e levar as coisas com sentido de humor”. Mina tenta afastar o desânimo.

Termina assim o trabalho da Sara, com alguma esperança no futuro tal como referi na entrevista, de outro modo sucumbiria ao desânimo...
Ainda que leve a situação com algum sentido de humor, jamais descurarei a responsabilidade que tenho para com este meu filho, e todos que estão na condição dele...Serei "chata" até que Deus me permita...
Obrigada SARA E ROXY,

Sem comentários: