Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

terça-feira, 12 de abril de 2011

"Uma no cravo,outra na ferradura"


A mana esteve fora em visita de estudo a Nova York.
Durante esse período tempo o Bruno só perguntava se a mana iria trazer postais.
Oh!!! Filho não sei!!! A mana pode não se lembrar, ou não ter tempo.
Quando a mana chegou, logo entusiasmada p'ra mostrar as lembranças, trazia 2 t'shirts para o irmão.
Ora ele preferia postais, mas pronto lembrou-se dele, fiquei enternecida.
Pensei! Ele gosta dos mapas dou-lhe os mapas.
Mas afinal ela trouxe os postais, poucos, mas nem que fosse um ou dois ele ficaria contente.
No dia seguinte fomos sair de carro e levamos uma amiga e os filhos, o Bruno no banco da frente ao meu lado, não parava de se mirar ao espelho na pala solar.
Oh!!! filho, não precisas de ir sempre a olhar p'ro espelho!!!
Assim não incomoda, como olhar directamente (diz ele) na sua sinceridade, que ia a mirar a miúda no banco de traz. (eu sei que incomoda, mas não podemos ligar)
Diz logo a irmã : Se Deus existisse, não havia gente assim deficiente (danada por irmão ir a olhar p'ra a amiga)
Pois é filha se Deus existisse, (respondi eu) também não havia gente como tu intolerante e mesquinha, olhar não tira pedaço ( mas incomoda eu sei)
E fiquei dividida, não posso negar, (ela está no seu direito de se sentir envergonhada) mas fico preocupada...
Como posso eu querer que o mundo o aceite, se toda a vida tenho intuído essa ideia na irmã e não obtive resultado. (também ela tem direito às suas opções e indignações).
Ela não é mãe!!! Mas eu sou, dos dois!!!

6 comentários:

gloria ribeiro disse...

Ai Mina.... que angústia....é destroçante quando elas têm este tipo de atitudes....mas eu pensei que essa Ritinha já tivesse ultrapassado isso... imagino a sua dor...beijinhos

Fê blue bird disse...

Prima:
Não é fácil ser mãe, ninguém nos ensina a lidar com estas situações.
Ficar divididas entre os dois filhos,sei o que isso é!
Eu tb tento ser imparcial mas é tão difícil :(
Vai com calma!

Beijinhos

Mina disse...

Glória
Acho que quanto mais eles crescem e mantêm os comportamentos ou pioram as atitudes sendo mais velhos, socialmente já não são aceites determinadas atitudes.
Esta marca de ter um irmão diferente, não deixa de ser dolorosa, para elas, que não tem direito ao irmão mais velho sonhado. Com quem podem partilhar as alegrias e os desatinos próprios da idade. Por isso esta minha ambiguidade ela tem direito de sentir livremente não lhe posso impôr eu sou a mãe tenho responsabilidade, ela é apenas a irmã que também precisa de se afirmar, e por muito duro que seja é este o irmão que ela tem. E que lhe causa este mau estar perante os outros. O que não quer dizer que ela não goste dele o papel de irmã também não é fácil, ainda p'ra mais sendo a mais nova...
bjinhos

Mina disse...

Prima Fê
Também disparo por impulso e depois chego a pensar que ela acaba por ficar em segundo plano, porque compreenderá melhor do que ele. E se a ele tenho o dever de proteger, seja de quem for. A ela tenho o direito de a deixar pensar e sentir livremente, somos todos diferentes.
Mas fico sempre nesta ambiguidade, quando tenho que agir, opto sempre pelo mais fraco.
Mas senti naquela frase como uma pedra no meu coração. Como posso mudar o mundo senão consigo incutir a tolerancia e aceitação nela. Eu sei que cansa os comportamentos despropositados para a idade, sendo ele adulto é sempre mais dificil tolerar...
Também tenho de ver o outro lado e colocar-me no lugar dela...
bjinhos

Anónimo disse...

Por outro lado, talvez familiares acabem por ser naturalmente muito mais intolerantes face a certas coisas do que pessoas "de fora".

Explicando melhor o meu raciocínio - se alguém faz alguma coisa incomodativa para outras pessoas, uma pessoa "de fora" sente o incómodo natural que esse comportamento causa; já um familiar sofre o tal incómodo, e mais a vergonha de ser um familiar a provocar a situação; ou seja, é de esperar que comportamentos "desviantes" perturbem mais o familiares dos autores do que as outras pessoas.

Mina disse...

Anónimo
Muito coerente o seu ponto de vista, concordo com essa abordagem...
No caso desta síndrome como existe uma certa impresivilidade à uma preocupação constante do comportamento que eles vão ter. Embora em alguns casos sejam comportamentos repetitivos que já prevemos, mas estamos sempre a pensar que não se vão repetir. Como é o caso destes olhares incómodos quem está de fora até poderá não se aperceber, nós os familiares é que estamos sempre de radar ligado...
Obrigado por ter manifestado a sua opinião tão sensata,diria na "muche"...
bjinhos