Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Características Clínicas 4/11

A Síndrome de Asperger ao Longo da vida

O mais óbvio marco da Síndrome de Asperger, a caracteristica que faz dessas crianças tão únicas e fascinantes é a sua peculiar, idiossincrática área de "interesse especial". em contraste com o autismo típico, onde os interesses são mais provavelmente por objectos ou partes de objectos, na SA os interesses são mais frequentemente, por áreas intelectuais específicas.
Quando entram para a escola ou mesmo antes, é frequente mostrarem um interesse obsessivo, numa área específica como os números, as letras, alguns têm uma história de hiperlexia, (leitura rotineira em idade precoce), áreas científicas, alguns temas de história, ciências, geografia, geologia, matemática... querendo aprender tudo que for possível sobre o objecto e falando de modo insistente nesses temas em conversas e jogos livres.
Algumas crianças com SA têm interesses em mapas, clima, astronomia, vários tipos de máquinas, carros, comboios, aviões carros de bombeiros, foguetes...
Voltando a descrição original do Dr. Asperger em 1944,a área de transportes tem parecido merecer um fascínio especial, descreveu crianças que memorizavam as linhas de autocarros de Viena até ao último ponto.
Muitas crianças com SA, até aos 3 anos de idade parecem especialmente atentas ás coisas como caminhos nas viagens de carro. Ás vezes as áreas de fascínio representam exagero em relação a interesses comuns em nossa cultura, Tartarugas Ninja, Power Rangers, dinossauros, etc.
Em muitas crianças as áreas de interesse especial mudam com o tempo, sendo uma preocupação substituída por outra. Noutras crianças os interesses podem persistir até a fase adulta e há muitos casos em que as fascinações de infância se refletem nas suas carreiras adultas, incluindo-se neste grupo muitos professores e cientistas.
A outra caracterítica muito importante na SA, são as dificuldades de sociabilização, sendo contudo algo diferente das dificuldadades do autismo típico. embora crianças com SA sejam frequentemente referidas por pais e professores como estando "em seu próprio mundo" e preocupadas com os seus próprios pensamentos, raramente são tão distantes como as crianças com autismo.
De facto, muitas crianças com SA, pelo menos na idade escolar, expressam desejo de viver em sociedade e ter amigos. sentem-se frequentemente profundamente frustradas e desapontadas com as suas dificuldades de interacção social. O seu problema não é exactamente a falta de desejo de interagir, mas a falta de capacidade para ter sucesso nas interacções. Parecem ter dificuldade para aprender a "fazer conexões" sociais.
Gillbert refere esta dificuldade como uma " Desordem de Empatia", descrevendo-a como a inabilidade de efectivamente "ler" as necessidades e perspectivas dos outros, responder apropriadamente.
Como resultado as crianças com SA tendem a "ler", de modo errado as situações sociais, suas respostas são frequentemente vistas por outros como "ímpares", desajustadas e incompreensíveis.
Embora a " normalidade" da linguagem seja característica" que distingue a SA, de outras formas de autismo e PDD, há algumas diferenças significativas na forma como essas crianças usam a linguagem.
Esta capacidade em que são mais fortes e, ás vezes, muito fortes, contudo a sua prosódia ( os aspectos da linguagem falada como o volume, a entoação, a inflexão, a velocidade, etc...) é frequentemente diferente.
A linguagem por vezes é formal, pedante, literal, usando com frequência expressões idiomáticas e gírias de forma inadequada.
A compreensão da linguagem tende a ser concreta, aumentando as suas dificuldades á medida que a linguagem se torna mais abstracta nos graus de ensino mais elevados.
Apresentam dificuldade a nível de linguagem pragmática, ou informal, porque não conseguem ter em conta os pontos de vista dos outros, insistindo nos seus interesses, falam "para" em vez de falar "com", têm dificuldade de manter o diálogo de "dar e receber" na conversa.
A crença comum de que crianças com SA não tem senso de humor é frequentemente um erro, muitas crianças tem efectivamente dificuldade em entender o humor, tendendo a não dar continuidade ás brincadeiras particularmente nos trocadilhos, piadas e jogos de palavras.
Algumas crianças com SA tendem a ser hiperverbais, com uma linguagem semelhantes á das crianças com "Perturbação Semântico- Pragmática", não entendendo que isso interfere nas suas interacções com os colegas afastando-os.
Quando se estuda atentamente a história inicial da linguagem de crianças com SA não há padrões uniformes: algumas atingem normalmente (ás vezes prematuramente) os marcos de desenvolvimento, enquanto outras mostram claramente atrasos na fala, com rápida recuperação da linguagem quando começa a fase escolar.
Nas crianças com idade inferior a 3 anos, em que a linguagem ainda não chegou ao desenvolvimento normal, a diferenciação de diagnóstico entre SA e Autismo Ligeiro pode ser difícil, por vezes só com o tempo se pode clarificar o diagnóstico.
Frequentemente, particularmente durante os primeiros anos, podem-se perceber características de linguagem similares ás dos autismo, como aspectos perseverativos, repetitivos, uso de frases feitas, ecolalias imediatas ou diferidas.

Informação retirada e Traduzida e Adaptada do original "Asperger Syndrome- Through the Lifespan"-1995
Autor Dr: Stephen Bauer. The Developmental Unit-Genese Hospital Rochester, New York

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