Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Schiii...Que susto!...‏


Fomos convidados por uma amiga a assistir a um evento desportivo em que a filha dela participava.
Como amigo puxa amigo, fui apresentada a uma outra amiga dela.
Estávamos as três numa amena "cavaqueira" a falar dos filhos, que é o que as mães fazem melhor. Eu estava ao meio, estavam também os filhos de todas inclusive o Bruno, que estava do meu lado esquerdo intercalado pela outra amiga e pela irmã.
De repente passa aflito à minha frente...
Pode parecer estranho, mas foi simplesmente, porque foi abordado por um teenager espevitado, que lhe disse:
- Então meu, vamos beber um copo!?
Ora ficou aflito, ele até nem bebe copos, nem bebidas alcoólicas. xD
Ainda perguntei ao jovem se o Bruno estava nalgum daqueles balanceios, que o tivesse chamado à atenção. Disse-me que não.
Só podia estar absorto nos seus pensamentos e "acordou" com o apelo aos copos. rssss
A amiga da minha amiga, que conhecia o jovem explicou-lhe as diferenças do Bruno.
O jovem pediu-me desculpa e ainda comentou com o Bruno: “era só um Red bull” (lool)
- Ora não tens de que pedir desculpa, não podias adivinhar, respondi.
- Talvez para a próxima já consigas perceber, disse ao jovem para finalizar.

Esse jovem participou num desporto onde participaram mais umas dezenas, que na minha ignorância desconhecia jogos de carros em computador, com júri e tudo e fazem competições a nível nacional, cada um leva a sua máquina, ou seja, o PC.

7 comentários:

Mina disse...

Neste episódio deve salientar quatro coisas:
1ª-A dificuldade manifesta de o Bruno lidar com o imprevisto
2ª-A reacção de medo que algo lhe fosse imposto, principalmente por um desconhecido.
3ª-A dificuldade de os outros reconhecerem á primeira vista, que se trata de uma pessoa particular.
O que se tem vindo a tornar cada vez mais vísivel com a idade, as diferenças ficam mais acentuadas.
4ª- Como é que os outros podem lidar com esta situação.
Não é facíl, mas deixando o confortável e reconhecer que afinal é engano.

E o jovem apesar de espevitado, até ficou acabrunhado, mas eu também o compreendi, também ele "vive num outro mundo" xD

mariamartin disse...

Querida Mina,
Parece que estou a ver a reacção do Bruno...!
O meu no outro dia ouviu o irmão dizer a seguir ao jantar de Sábado "Pai, vou sair".Vou a casa de um amigo e depois vamos beber um copo".
No dia seguinte eu perguntei onde tinham ido, ele disse o nome do bar, eu perguntei o que tinha bebido ao que ele respondeu "Nada, esqueci-me de levar dinheiro".
Pergunta do mais novo "Então para que é que foste?".
Eheheheheh!
Realmente para um aspie não faz sentido ir a um sítio fazer uma coisa que depois não se faz!
O meu aspie está a entrar aceleradamente na adolescência e se isso o traz mais sociável (já toma a iniciativa de cumprimentar os colegas quando os encontra) o que é excelente,tb está a torná-lo mais "Maria-vai-com-as-outras" e copiar os comportamentos dos "engraçadinhos". A semana passada teve uma participação disciplinar por ter cantado e dançado na aula de EVT!!! Está de castigo sem TV!!
Vamos lá ver o que vem aí!
Um grande beijinho!
mariamartin

Visite www.arteautismo.com disse...

Mina, acho o prógnóstico do Bruno muito bom. Ele se assusta e parece entender que é diferente. Isso é um bom sinal, prova que ele tem potencial de melhora.
Só uma vez que Filipe pareceu entender que era diferente , foi um dia na fila do cinema, onde umas meninas estavam paquerando ele, não notaram suas dificuldades. ele gostou da paquera.Mas como não fala emites uns piiiiiieii e quando ele fez isso com o pai , as meninas caíram na gargalhada. Ele ficou triste e evitou muitas vezes voltar ao shopping
Mas Filipe não é aspie , entao se oferecerem uma bebida , ele ia pegar sim. Qdo a gente vai em eventos ele quer tomar cerveja. Eu não dou. Já pensou Mina , ele beber?
Mas com certeza o Bruno não mostra as dificuldades. Mas quando eles são pequenos,é dificil notar , todo mundo acha bonitinho.
Qdo crescem qualquer deslize chama atenção. Eeu não gosto de ficar falando pra todo mundo que meu filho é autista. Acho que constranjo ele. Fico com vergonha de expo-lo desta maneira.
Engraçado é oferecem cartao de crédito para eles , eles explicam e Filipe só olha não diz nada. Nessa hora tenho de interveir, pois as pessoas ficam desconcertadas com silêncio dele.
E aí eu entro e digo._Ele não quer cartão não. Eu vou embora com Filipe. E as pessoas ficam paradas nos olhando , como que pensando: - Não entendi nada.....
Mina , mas eu não ligo para estes detalhes, vou para todos os lados com ele. Eles é que tem de se acostumar conosco, não eu e Filipe. rs rs rs.
Beijos para Bruno e outro para voce!
Ray

Mina disse...

Querida maria martin

É bom que se torne mais sociável,agora depende se os cumprimentos são dados assim como o meu fazia e ainda faz. Olha vai ali o fulano, e diz o nome e alcunha se a tiver em alto e bom som xD, e diz um olá assim tipo de lado, mas faz sempre uma grande festa quando vê alguém conhecido até que se lhe dê atenção, quando essa atenção bem do outro lado já não a sabe gerir, ou provoca uma conversa que ele saiba do assunto mas muito repetitiva.
Quanto á" maria vai com as outras", pode ser um comportamento normal, pior é quando é usado pelas" marias", para actuar sozinho enquanto os outros riem, e o meu foi vitima dessas "marias", que o mandavam ser o bôbô da corte...
E ir a algum lado com o intuito, e não o concretizar é frustrante, principalmente para eles que impõem essas metas eu acho que são mais tipo obrigações que tem de cumprir.
E parece-me que o seu rapaz se está abrir, não considere mau ir com as outras "marias", é sinal que está conseguir entrar no grupo. Ohohoh!... castigo, mas ás vezes lá tem de ser, mas custa muito aplicar a estes seres tão puros, que muitas vezes nem tem culpa e se culpabilizam...
Bjocas

Mina disse...

Querida Ray
Ele se assusta ,porque não consegue na hora dar a volta á questão, pudia apenas dizer eu não bebo. Obrigado. Mas secalhar o outro até ia gozar, e ás vezes é mesmo melhor não responder. E mesmo o meu filho que tem a capacidade de se expressar, e têm imensas capacidades, não as sabe usar o que é dificil perceber.
Pode parecer normalissimo, saber fazer um cálculo qualquer rápidamente, ou uma capital de um país que a gente nem lembra , o clima daqui e de acolá. Mas é assim uma especíe de muita peça solta, que depois não encaixa, e baralha as pessoas, é um sabe mas não sabe complicado de explicar minha amiga.
E agora em adulto, já se percebe mais a sua diferença pela postura fisica, que se acentuou com a idade. Ver um adulto a balancear, ou a dar estalos com os dedos é notório que há algo errado.
Mas eu estou como a minha amiga , tou nem aí como se costuma dizer .
Ele vai a todo lado, e eu faço questão de dizer que ele é SA, uma perturbação do espectro do Autismo, que esta coisa de SA, ainda ninguém entende. Só assim puderemos abrir caminho para a integração, e as pessoas até já são mais condescentes e fiquei até com algum orgulho, de aquele jovem que era assim um tipo " convencido", ter percebido, e mais aquela mãe do outro jovem que até já sabia alguma coisa sobre autismo que tinha visto nos filmes, e isto como palavra puxa palavra, podem ir transmitindo e criando uma rede, para que eles sejam plenamente integrados e aceites pela sociedade, sem serem os "pobrezinhos" dos SA ou Autistas, eles são pessoas e muito interessantes, basta querer ver e saber...
Ah! e essas abordagens dos cartões também fazem muitas vezes, também tenho que intervir, quando não percebem a primeira xD
OhOh!... e miúdas pakera, isto é que vai uma crise, vai atirando uns olhares ás vezes intensos. ihihi... olha ali aquela miúda gira, comenta muitas vezes.
Bjocas para si e Felipe

Mrs_Noris disse...

Mina,
O meu diria logo: "Mamã, posso ir beber um copo?" (lol), e insistiria até eu deixar.
Em relação aos cumprimentos, o meu rapaz costuma cumprimentar os colegas. Quando, aos fins de semana, encontramos algum dos seus amiguinhos ele chega-se logo e diz "Olá (nome)". Hoje de manhã, estavamos a chegar à escola e ele deixou-me para trás para cumprimentar e desafiar o amiguinho Guilherme que ia uns metros à nossa frente, nestes termos:
- Olá Guilherme. Vamos fazer uma corrida até à sala?
Depois perdi-os de vista. Beijos.

Mina disse...

Noris
As idades também não são comparavéis, já não me recordo como o Bruno reagiria em pequeno, mas penso que não andaria muito longe desta reacção, que teve agora. Pela dificuldade de empatia social que ele sempre manifestou ,que aliás amigos foi coisa que sempre lhe faltou. No caso do M. acredito que ele se vai relacionar de forma muito normal, assim como acho esse pedido muito normal xD. Ainda lhe vai fazer a cabeça em "água" daqui a poucos anitos, lá vai ter que ir a disc busca-lo, só falta outro tanto...loool
Bjocas