Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Marcas do Passado

Eu nunca me vou esquecer do momento em que o J.P, me agrediu.
Apesar de eu já não estar na instituição, eu de vez em quando penso que qualquer dia eu vou encontrar o agressor na rua, e vou ser novamente vítima dele com consequências ainda mais graves do que naquele dia que me fracturou o nariz.
Eu tenho raiva do J.P, sempre que me lembro da raiva, que ele tinha no momento em que me agrediu, dando-me um murro no nariz com bastante força e dizendo:
-Eu mato-te.
Esse foi o momento onde entrei em pânico, com medo , que ele podia acabar comigo, eu fugi para uma sala mesmo ao lado e ouvi o J.P com a raiva, ele ainda deve ter tentado matar-me, mas felizmente não aconteceu mais nada.
A raiva do J.P. era tanta, que me põe frequentemente com raiva dele, que só me apetece vingar-me daquilo que ele me fez.
Ele estava nervoso nessa altura. E isso ainda me põe mais nervoso.
Quando eu penso no rapaz que me agrediu, fico muito zangado que só me apetece vingar-me.
Eu tenho medo do J.P e penso nisto:
-Será que o J.P. me vai agredir se acontecer isto ou aquilo.
Eu depois de ser agredido na instituição, tive um acompanhamento com a psicóloga C. durante pouco tempo.
A sessão de acompanhamento que mais me marcou foi quando a C., disse-me que o J.P. ás vezes começa a picar os colegas, para ver se arranja desculpa para os agredir.
E a C. devia escrever no bloco de apontamentos uma resposta a esta pergunta. Quando o J.P. começa a picar os colegas para arranjar desculpas para bater-nos? O que fazem para não serem suas vítimas?
A C. respondeu-me que os meus  colegas fogem do J.P, quando este os tenta agredir.
Mas eu também fugi do J.P.
O J.P não corre atrás dos colegas, para os apanhar e  continuar a picar e arranjar alguma desculpa para os agredir?
A esta pergunta é que queria obter uma resposta, porque eu fugi do J.P e ele correu atrás de mim, e apertou-me o pescoço, e depois disse-me para eu pedir desculpa, por ter saído do pé dele.
Isso leva-me a pensar como é que os colegas conseguem fugir do J.P, e ele não corre atrás deles para os agredir. A esta pergunta eu queria obter uma resposta.
Uma das várias situações,  que o J.P pode não gostar e agredir, é se lhe chamarem gordo.
Isto em relação às provocações, penso nunca coisa.
As pessoas pertencentes a uma claque de um clube de futebol, provocam o clube adversário , dizendo coisas que alguém de um clube adversário não gosta de ouvir, então alguém que não gosta de ouvir o que os elementos da claque de futebol diz sobre o seu clube, agride muita gente dessa claque.

Texto Bruno V. ano 2011

Este texto, terá sido escrito no ano seguinte  à agressão,.
Durante esse ano  o medo era tanto, que nem o vidro do carro abria, as portas eram todas trancadas.
È um tema recorrente, sobre o qual ele ainda escreve muito, e um medo que ficou para vida.
Transcrito na íntegra, retirado dos seus cadernos de escrita..
Recorri, agora a ele, que ainda ontem , foi tema de conversa, já passados mais de 3 anos, sobre o acidente, cujas as marcas continuam visíveis, não só psicológicamente como fisicamente, ainda estando a aguardar pela cirurgia, o sistema respiratório ficou sériamente afectado.

Mãe Mina

2 comentários:

Fê blue bird disse...

Uma marca que ficará para sempre.



beijinho aos dois

Mina disse...

Prima Fê

Sem dúvida, não há psicanalise que apague os traumas.

Beijinhos