O seu filho é Autista- disse aquele homem, que vestia uma bata branca , em voz baixa e firme baixando o olhar, eu não sabia bem o que é que isto queria dizer. A partir daquele dia a minha vida mudou...
Pensava eu que estas teriam sido as palavras mais violentas que podia ouvir, até que um dia, numa escola, onde fazia uma acção de sensibilização a crianças pequeninas 4, 5
anos uma criança negra pequenina me pergunta “ o que é pior, ser autista ou ser preto? “ fiquei sem palavras, não consegui responder. Estas foram sem duvida as palavras mais violentas que ouvi até hoje.
Tive ”sorte”, sendo o autismo um espectro que vai do muito grave ao muito suave poderia dizer que tive sorte, o meu filho é muito suave, mas a linha que separa isso é débil, como é débil a linha que separa ter um filho dentro dos padrões normais e ter um filho com uma deficiência, ter um filho branco ou negro, ou simplesmente nascer um bairro social...
Existem, talvez um milhão de motivos que explicam, ou tentam explicar, os motivos porque existe autismo, se calhar também tive “sorte” em ter um filho de etnia branca, tive sorte em não morar num bairro social...
O grave problema, não é ter um filho autista, o grave problema é viver num mundo que não aceita o nosso filho na escola publica, o grave problema é as consultas de desenvolvimento estarem cronometradas ao tempo exacto de se passar a receita, o grave problema é o mundo que nos rodeia.
Os grandes problemas do autismo ficarão resolvidos, quando se entender , que eles tem o direito de ser solitários, não verbais, tímidos, impenetráveis ... assim como aquele menino tem o direito de ser negro.
Autora : Ana Paula Antunes
Peço desculpa autora de ter adicionado o titulo, mas sei que ela concordará, não é meu costume editar textos alheios, tratando-se de um blogue mais pessoal.
Estando em concordância com texto e não tendo eu esta capacidade de expressão escrita, faço minhas as palavras dela.
Obrigada Ana Paula
Mina
6 comentários:
Emocionada, deixo um apertado abraço de solidariedade e admiração para as duas.
Prima fiquei arrepiada e comovida ao ler este desabafo.
Sinceramente nem sei o que escrever pois há momentos em que as palavras não atingem a dimensão do que nos vai na alma.
Obrigada !
beijinhos
São
Obrigada
Esta mãe escreve muito bem e deixa as ideias muito claras...
È de sua autoria também uma pequena fabula que aconselho:
http://www.appda-setubal.com/index.php?option=com_content&view=article&id=111&Itemid=112
beijinhos
Prima Fê
Também não consigo acrescentar mais nada,a não ser que não são meras palavras e que são notoriamente sentidas.
São casos diferentes todos eles, tivemos sorte!?
beijinhos
Como não me emocionar?
Por enquanto, como sabes, a nível de assistência nada falha com o Gui. É pequenino e quando eles são crianças pouco lhes é vedado.
O tempo passará e eu só rezo para que a sombra deste bicho papão seja cada vez mais fraca.
bjis aos 2
P.S: o que mais me magoou até hoje foi ter ouvido uma criança dizer que ele parecia não ouvir e que, por isso, como só fazia o que queria, não queria brincar mais com ele.
Nina
Naturalmente à medida que os anos passam e a síndrome se mantêm a discrepância em relação aos pares é muito mais notória.
Não teremos nós de respeitar a forma de ser diferente!?
Não podemos ser "standart".
A educação tem sofrido muitos cortes, a intenção desta nossa amiga, foi também alertar para essa temática a educação deve ser inclusiva.
Não é chegarem ao 9º. ano e irem para instituições, sempre que possível devem continuar o percurso escolar.
Essencialmente respeitar a diferença, não os discriminando.
As crianças são ingenuas e nem dizem com intenção de ferir,o menino irá compreender...
beijinhos
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