Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A morte

A morte é natural, mas eu não consigo vê la assim, é sempre uma perda, uma dor infinita, principalmente quando toca a um dos do nosso clã.
Não! Não quero chama-la! gostava que ela pairasse longe muito longe, mas não andará tão longe assim, cada dia é mais penoso mais desgastante doloroso ver de quem gostamos a definhar numa pele osso, sem voz, sem movimentos, dói, dói muito...
Mas nem queremos pensar nisso, o nosso egoismo quer que ali esteja, mesmo que os nossos olhos fiquem húmidos e quebrem o olhar perante o sofrimento.
Ontem com a maior das naturalidades, disse ao Bruno.
-Sabes quem morreu!?
Vou tentar advinhar (diz-me ele) o tio" Josef", que assim que nós o chamamos.
-Também é José, mas não é esse, é o historiador (digo eu)
- Mas esse já foi o mês passado quando fomos à TV, como a mãe anda atrasada.

9 comentários:

Mina disse...

Este, post, já estava escrito desde o inicío de Agosto, pouco depois da última visita que fizemos ao tio Josef.

Não a chama-mos mas ela veio entretanto libertar o tio do sofrimento que "devorava" à mais de um ano:(

AvoGi disse...

Os meus sentimentos, MINA que descanse em Paz é o meu desejo e se estva em sofrimento...
kis :=(

Anónimo disse...

Que repouse em paz, minha querida!

bji gde

Mina disse...

Avogi

Obrigada,a saudade ficou.
Mais de um ano de grande sofrimento, ele foi um lutador, dificil para um homem saudável, que não sabia o que era um hospital.

Foi poucos dias depois desta nossa conversa em Agosto que o tio nos deixou.
Era já uma morte esperada,por ele e por quem o amava.
beijinhos

Mina disse...

Nina
Obrigada

Queira Deus que sim, que a sua alma repouse em paz.
Que, se tinha contas a ajustar, teve um ano muito penoso que não se deseja a ninguém.

Mas este post não era para falar do tio, é da naturalidade com que o meu "Aspie", sente a morte como algo natural ou será com desprendimento emocional!?
Também é algo que não podemos mudar, ela chega a todos.

Ele nem chegou a ir ao funeral, porque nunca sabemos, como se iria comportar, esteve na iminência de ir, seria também um teste.
Mas quando ele me começou a dizer que ia falar com o primo (um dos filhos do defunto),sobre concursos, e sei quando mete uma coisa na cabeça, é mesmo isso que faz, achei por bem não o levar ( até porque nem eu estaria capaz de controlar).

Beijinhos

Fê blue bird disse...

Prima, só quem passa por essa dor sabe avaliar o sofrimento e a saudade que estas partidas provocam na nossa alma.
Fica o consolo de saber que agora o tio Josef não sofre e está em paz.

Um beijinho grande e amigo

Helena disse...

Olá Mina, o meu sogro esteve 3 anos a lutar contra um cancro na próstata, faleceu há dias.
Também me mete confusão o modo como o meu marido encara a morte, uma pessoa de fora até fica a pensar que ele é desprovido de sentimentos, o que não é verdade pois ele fáz tudo que pode pra ajudar e pra ver as pessoas bem e felizes... mas o modo como ele fala é que o "mata" porque parece tão frio e superficial...
É como se o assunto não fosse com ele...
Eu acho que a parte racional dos aspies (e dos semi-aspies como chamo ao meu marido) ofusca a parte emotiva.
Chamo-o tantas vezes à atenção para isso, que há assuntos que são delicados e que há pessoas que não estão tão preparadas como ele pra lidar com o assunto "morte"...
Ele bem me ouve... mas tem muma dificuldade imensa em se por na pele de outra pessoa quando se tratam de sentimentos.
Por exemplo, um menino que faleceu com leucemia - ele chega a casa e diz-me "olha o X sempre morreu". Limita-se a dar a notícia, nunca o ouvi dizer por exemplo "coitados dos pais, nem imagino o sofrimento" ou outros juízos de valor.



Mina disse...

Prima Fê

Obrigada

Por um lado o morar mos longe, facilita a cura, em dias de encontros sentiremos mais a falta.

Mas estou mais tranquila, por ele estar a descansar, já tinha muita dificuldade em vê-lo naquele estado.

Beijinhos

Mina disse...

Helena

Como eu a entendo,o meu marido é igual:)

Respeita a morte, mas não lhe dá grande importancia, faz o papel social, sem grandes demonstrações de dor.

Enfim cada um expressa se á sua maneira e nem sabemos se sofrem mais ou não, por contêr aquele "ar frio"...

Beijinhos