Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

terça-feira, 30 de agosto de 2016

" Não dá; Não dá, Não dá"


Lá vou eu bater na mesma tecla.
Devo estar a torna-me autista!?
Ninguém mais do que eu ambiciona com todas as forças a inclusão, mas a força não basta, o desejo não basta, a vontade não basta.
Têm dias que só vejo os impossíveis, para quê bater na mesma tecla, cansada das minhas repetições, cansada do meu querer, se nada resulta.
Não posso culpar os outros por falta de compreensão ou de tentativa de inclusão, se ele não facilita.
Mesmo eu que já levo anos de preparação, e muitas vezes , já antevejo o que se vai passar, falta-me a paciência  e  a capacidade de dar a volta ao assunto, apenas me apetece desistir.
Os outros não têm obrigação de  aturar  todos os comportamentos desajustados e a falta de senso, que ele diz não conseguir controlar.
Pode retrair-se por momentos, mas rápidamente volta à  "carga"*, fazer ou dizer o que se já lhe disse milhares de vezes que não é suposto , dizer ou fazer, e que se deve limitar às suas funções.
Sem saber que ele retomaria hoje uma das tarefas, o meu "feeling"* , já me dizia que se ia passar  alguma coisa, muniu de telemóvel, para qualquer eventualidade.
Chegada ao local onde o ia deixar, a Drª. dirigiu-se a mim, se tinha algum tempo para falar, lógico que tenho  todo tempo do mundo.
Lá estacionei o carro e estivemos a conversar, infelizmente nada que eu não esperasse do seu comportamento provocatório, se estiver com uma criança comportasse como ela.
Se vir uma pessoa do outro lado da rua, grita pelo nome dela (excesso de confiança, que ninguém lhe deu).
Na entrega  se for pessoas que lhe agradem mais, manda as passar à frente.
Dá informações que estão nos estatutos de atribuição, mas que não lhe compete a ele e as pessoas obviamente , não gostam.
Um sem número de comportamentos, que já o avisamos centenas de vezes, para não fazer.
Não pude tomar outra atitude, senão dizer lhe para o suspenderem, para ver se ele aprende.
Assim, não dá, não dá, os avisos não servem, as chantagens não servem.
O que fazer !? Desta vez ficou, até trabalha e faz bem as coisa.
Quando o fui buscar, voltou à parte palerma.
Oh! My god.
*-Carga- a mesma coisa
*feeling- sentimento,sensação

4 comentários:

Fê blue bird disse...

Prima,
Sei o que é viver com preocupação constante, mas viver com preocupação e frustração por não conseguir fazer compreender ao Bruno onde erra, deve ser mesmo uma luta inglória.

Muita, muita coragem!

Beijinho

Mina disse...

Prima
O problema é que ele sabe que provoca, mas continua a provocar, ás vezes só com "tratamentos de choque" é que pára.
Mas depois volta a esquecer-se se o ambiente se proporcionar, antigamente eu achava que era para me chamar atenção, agora tornou-se mais grave fá lo com outras pessoas, (excesso de confiança).

Beijinhos

Abelharuco disse...

Uma grande necessidade de "respirar"... uma, duas ou mais vezes... felizmente há os sorrisos, os pequenos grandes "êxitos" que também haverá de realizar e cada evolução que for tendo ao longo da vida, com o carinho que terá sempre pela mãe...

Mina disse...

Abelharuco

Obrigado, pelo seu comentário.
Vamos ter sempre avanços e recuos , este percurso nunca vai ser linear.
E tanto nos podem surpreender pela positiva, com conhecimentos inimagináveis, como pela negativa com comportamentos desajustados, e esta discrepância , deixa-nos à "toa".
O carinho da mãe esse é eterno.
E esta realidade, também é eterna neste tipo de oscilações.
Beijinhos