Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
"Chocante"
Ultimamente, tenho escrito e falado mais sobre a morte.Tema ainda envolvido nalgum misticismo.
E como será sentida e vista, por alguém no espectro do autismo (parece pouco importante e desprovida de sentimento).
Será assim, tão vazia!?
Ou somos nós, os neuro-típicos egoístas , que queremos manter, a qualquer custo os que nos são queridos!?
Não costumo leva lo a estas cerimónias fúnebres, até porque me emociono , e as lágrimas fazem parte.
Tratando-se de uma amiga dele, e consequentemente minha, das tais jóias preciosas, que tivemos o privilégio de privar, um grande exemplo de pessoa lutadora, que venceu muitas batalhas e sempre com sonhos para realizar.
Eu sei que ela , não julgaria, percebia as atitudes deste amigo e tinha muito orgulho nele. Mas ela já não via! E os outros!?
Faço um ensaio, antes de entrar na capela, como deve formalizar os pêsames aos familiares (ele acha, que fazer uma vénia de mãos erguidas).
-Não, filho é só cumprimentares e dizeres os meus pêsames.
Acho que essa parte (formal) passou à frente,
Deu a volta à urna deteve-se a olhar para a defunta, e sorriu ao despedir-se dela.
Faço uma analogia também ingénua da minha parte, que a amiga está em paz, como se tivesse a dormir.
Surge-lhe logo uma pergunta científica.
-Quem é que declara a morte!? Como é que se sabe, se está morta!?
-Como, é que ela saiu da cadeira de rodas, para o caixão? (perguntas que revelam o seu grau de ingenuidade, que quem não conhece, poderia pensar que está a gozar).
Depois das nossas explicações, passa à fase observatório do restante ambiente.
Atento a pormenores do que está escrito, junto ao livro de condolências.
Quem chora mais! Porquê , que chora, mais!? Naturalmente o companheiro(ele observa insistentemente) e a mãe dela e familiares próximos e olha para mim, também estás a chorar, quando vê as lágrimas a escorrer por debaixo dos óculos.
Olha em volta, para ver se vê pessoas conhecidas... e lá as vai cumprimentar. Dá por falta dos que não foram.
Vai , ao supermercado, mostra o cartão que regista a ocorrência do funeral, a um dos monitores, que nem conhecia a amiga. Porquê , que não fostes ao funeral!? Se fostes ao funeral da outra !? (mãe de uma vizinha, que senhor conhecia).
Questões que no meio da dor, ninguém poria.
Coloco-lhe a questão. -Não, estás triste, não vamos voltar a ver, a tua amiga?
Resposta:Um bocadinho, e reparo nos olhos humedecidos.
Se sentem, é óbvio que sim, a forma de expressar, é ,que é diferente.
Querida Rosa, posso dizer-te que vamos ter imensas saudades tuas, perdemos o teu olhar, mas ficámos com teu eterno carinho,
E cada um à sua maneira irá recordar-te na alegria e na coragem que nos transmitiste.
Até sempre
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2 comentários:
Prima, todos temos diferentes maneiras de lidar com a perda de alguém que estimamos, a do Bruno pode ser diferente mas não é menos sincera.
Lamento muito a morte da tua amiga, costumo dizer que só morremos quando somos esquecidos.
beijinhos
Fê
Prima Fê
A dele parece mais desprovida de sentimentos, o que até pode não ser verdade , mas a forma de nos transmitir é que diferente.
A morte, quer, queiramos ou não, é uma inevitabilidade.
Beijinhos
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