Mãe e filho de mãos dadas trilhando os caminhos do autismo/asperger.
Numa partilha intimista e de coração aberto em sonhos e desalentos, numa vida vivida...
Ter um filho asperger não é o fim do mundo, mas o princípio de uma nova vida...
Valorizando os afectos...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"As marcas que ficam!..."


Um "mau" dia, depois de uma aula de educação física!...
A aula termina, e ele em vez de sair, uma vez que não tinha necessidade de se desequipar, que em dias de exercício físico optamos pelo prático ia equipado de casa com fato treino (sempre foi assim).
Para evitar as dificuldades inerentes á sua síndrome de não ter o ritmo que é preciso para essas coisas...
Mas, mesmo assim ficou enquanto os colegas trocavam de roupa, uma auxiliar de acção educativa, foi alertar os alunos para se despacharem, que era a última aula, tinha de fechar o pavilhão...
Não era nada com o Bruno, mas ele não terá gostado desta advertência aos colegas, e não sei se por iniciativa própria se com estimulo dos outros,começou a atirar pedrinhas à senhora...
Quando o fui buscar, ele contou-me o sucedido, mesmo sem ter sido inquirido,quando é algo mau ele tem noção e é o primeiro a contar e ás vezes são mesmo coisas sem importância.
Confesso não dei muita importância, umas pedrinhas não devem sequer ter acertado na senhora pensei , ainda assim ralhei com ele e dei-lhe aqueles conselhos de mãe.
O que eu não esperava é que tivesse sido feita uma participação, e que me contactassem como se ele fosse um criminoso, só terá faltado chamar a polícia...
Conhecendo-o como conheço, não me parece que o caso fosse tão grave, ainda hoje não acredito e já lá vão 10 anos.
E vieram daí as tais botadas que ainda hoje me doem, tinha de encontrar maneira daquela cena não se repetir e só encontrei aquela solução de lhe bater nas pernas com as botas, e doeu eu sei que doeu de forma a mostra-lhe que as agressões doíam, se ele não gostou a funcionária também não gostou ( enquanto, por dentro o meu coração sangrava), achei que aquela situação não justificava perante mim tamanho castigo.
Sempre achei que o caso foi muito empolgado, por ser um aluno com condição especial e novo na escola.
Só por isso terá provocado tanto medo na senhora, medo esse de todo infundado, que ele nunca foi um miúdo perigoso ,e, é facilmente controlável.

10 comentários:

Fê blue bird disse...

Prima Mina (agora vou passar a tratá-la assim ;-)
Botadas...agora percebi.
Compreendo a sua situação, e imagino a dificuldade que o Bruno deve ter tido em perceber porque a mãe o castigava.
Os anos nunca apagam estes sentimentos.

Beijinhos aos dois

Mãe Sisa disse...

Sempre ouvi a minha mãe dizer que lhe doia mais a ela do que a nós... (as poucas mas merecidas palmadas que ela eventualmente nos deu). Mas só compreendi verdadeiramente isto agora que sou mãe. A sensação que temos só de ralhar com ele e aquele olhar que ele nos faz... faz-nos sentirmo-nos tão pequeninos...
São marcas que ficam, sem dúvida.
Mas também não duvido que nos ajudem a crescer de alguma forma.
beijinhos

Homesick Green Alien disse...

Mina:

Ele sentiu-se injustiçado. E qd a suposta injustiça, (não sou eu que vou julgar o acto em si, se foi ajustado ou não com base neste simples texto e sem conhecer todas as circunstâncias) é praticada por alguém tão nosso querido marca a quadruplicar... Do que tenho a certeza foi que agiu da forma que lhe pareceu mais correcta naquela altura. Enquanto pais, por vezes, deparámo-nos com situações muito complicadas e difíceis de ajuizar e decidir sobre a atitude mais correcta a tomar.


O que sei é isto: ainda hoje me recordo de algumas injustiças que sofri. De castigos que achei (e agora em adulto continuo a achar… lol) que não mereci e que os meus pais me impuseram. Mas há o reverso da medalha: outros castigos que amarguei, só me fizeram foi bem! :)

Com o meu filho espero acertar sempre com medida mais adequada, mas nalguma irei errar de certeza absoluta, pq ng é perfeito. Só não sei se errarei por acção ou por omissão...

Bjocas.

Mrs_Noris disse...

Oh Mina. Isso não se faz.
Uma vez a minha mãe bateu-me com umas botas dessas, assim em cheio nas costas, mas com tanta força que fiquei arregalada e quase sem poder respirar.
Não me lembro porque motivo o fez, nunca mais falei no assunto, apesar de ainda hoje me lembrar.
Mas pronto, isso na minha mãe era normal. Sempre teve mau feitio e pavio curto. Vindo de si, não esperava :)!

Mina disse...

Prima Fê
Foi mesmo muito dificíl e constrangedora aquela situação, deixou marcas profundas em ambos, e doeu mais por ser a ele, precisamente porque tinha na mãe como protectora e aquele castigo não era de protecção , mas que no fundo foi para o proteger de outras situações...
Conversamos muito eu chorei mais do que ele mas ele entendeu...
bjocas

Mina disse...

Sisa

É verdade eu hoje em dia até acho que há é falta de umas palmadas bem dadas na altura certa...
Embora eu não seja muito apologista de o fazer daí ele terem ficado admirado, porque nunca antes tinha acontecido e foi essa a única vez já ele tinha 15anos, ficou-lhe sempre na lembrança e quando me vê com "olhar de raiva" como ele diz lembrasse logo das botadas...

bjocas ti e p´ro João

Mina disse...

Green
A maior injustiça é essa mesma, o estar a bater num jovem de 15 anos, mas sentir que aquelas pancadas estavam a ser dadas a um ser tão frágil, e isso é que me deixou de rastos...
O ele ter em mim a sua heroína sentir-se-ia sem ninguém naquela altura e aquele olhar amedrontado e de súplica nunca se apagam.
Foi uma lição dolorosa, mas uma lição e também aprendemos com estas provas,não estou arrependida, mas sim dorida
não encontrei mesmo alternativa, e quem dá o amor também tem que dar a educação.
Embora educação nunca seja pancada, foi um episódio único nas nossas vidas mas que deixou marcas.

Quanto a mim levei algumas, sem justificação nem sentido do pai,que só fazia com que tivesse medo mas não fiquei traumatizada. Da mãe não até porque eu não me portava mal eheheheh

Errar é humano eheheheh eu costumo pecar mais por omissão em relação a ela.
Já com ele, as regras tem de ser outras, ele não merece tudo o que faz fá-lo de uma forma ingénua e sem maldade, embora possa parecer que é para provocar...
bjocas

Mina disse...

Noris
Pois não, não é do meu feitio, usar este tipo de argumentos tão baixos, que acho deplorável.
Mas sinceramente não encontrei outra saída, tinha de lhe mostrar que não poderia voltar a repetir aquela situação ( o facto de ter resultado) retira-me alguma mágoa, mas mantêm a dor.
Mas ele lembrasse do motivo, porque levou as botadas e penso que de outra maneira ele não teria entendido, só provando-lhe que doía...Mas ficou a respirar eheheh mas com dor nas pernas, até coxeava, meu rico menino:(
E ficou muito revoltado, que na semana seguinte falou-me de uma cena com um chapéu de chuva e quando lhe arregalei os olhos e levantei a voz ele queria virar-se a mim.
Devia ser para prevenir!...
Bjocas

Mrs_Noris disse...

Mina,
Eu tenho a certeza de que o que fez é contra a sua natureza, mas acredito que nem todos se arrependem. A minha mãe, por exemplo, à minha frente andou a gabar-se a terceiros: "Dei-lhe com o salto das botas que ela até ficou arregalada, tu vais aprender sua não sei quantas!" Assim, cheia de ódio.
Se calhar aprendi o que ela queria, mas a que preço?

Também um dia esteve alguém cá em casa, alguém que nem é minha família, e que me sugeriu que usasse o cinto no meu filho.
Como se vê, há pessoas com um instinto muito pouco racional.
Kisses.

Mina disse...

Noris
Acho que os castigos, não são motivo de orgulho para ninguém, bater num filho de forma gratuita nem tem qualificação...
Depois vangloriar-se do facto ainda acho mais assustador, mas há miúdos que nos tiram do sério é um facto, mas temos de encontrar outras formas de chegar até eles...
E muitas vezes falhamos na educação, não recrimino quem dê umas palmadas justificadas...
E ás vezes tenho pena de ser tão permissiva, principalmente com ela que precisava de "redea curta".
Sou um bocadinho chantagista com ela, mas depois não cumpro, já não me leva a sério.
Juro que precisava de um livro de instruções, para usar com a miúda.
Com ele as coordenadas tem de ser diferentes.
Bjocas